Cinema

A estética e as políticas do audiovisual negro

Mostra leva curtas e webséries realizados por negros em Minas ao Sesc Palladium, a partir desta terça

Por Daniel Oliveira
Publicado em 10 de setembro de 2018 | 15:46
 
 
Dirigido por Gabriel Martins e exibido no Festival de Cannes, curta "Nada" abre a mostra nesta terça Filmes de Plástico / Divulgação

O cinema realizado por negros em Minas ganha destaque a partir desta terça, dia 11, no Sesc Palladium. Até o dia 13, a mostra Negritude em Pauta no Audiovisual vai apresentar curtas dirigidos ou produzidos por negros no Estado, sempre às 19h, seguidos de debate sobre aspectos estéticos e políticos dessa produção. O evento foi concebido pelo Coletivo Coisa de Preto, que selecionou os filmes a partir de temas definidos para cada dia. “A realização é de um coletivo negro, mas não é um evento exclusivo para negros. Até porque isso não é possível. Queremos agregar todo mundo e discutir esses temas em todos os ambientes”, ressalta  Labibe Araújo, uma das idealizadoras da mostra.

A primeira sessão, nesta terça, vai exibir o curta “Nada”, de Gabriel Martins – selecionado para a Quinzena dos Realizadores, em Cannes – e os quatro episódios da websérie “Vendedora de Sonhos”, do Coletivo Coisa de Preto. E o debate vai girar em torno das estratégias de fortalecimento do cinema negro em Minas, discutindo  como os realizadores buscaram recursos para esses filmes, com alternativas como crowdfunding, por exemplo, e participação de Tatiana Carvalho (professora da UNA), Afonso Nunes (cineasta) e Gil Amâncio (Coletivo Coisa de Preto). “A gente quer produzir um documento, ou uma ata a partir da conversa, que possa ser levada para autoridades do setor com o fim de fortalecer esse cinema aqui”, afirma Labibe. 

Na quarta-feira, será a vez dos curtas “Lado N.G.”, “Dias Melhores”, “Mau Olhado”, “Minha Raiz”, “A Idade do Homem” e “I Jorge”. E no centro da discussão após a sessão, estará a direção de arte, e seu papel fundamental na representação autêntica da(s) experiência(s) negra(s) na tela. A mesa será composta por Pablo Moreno (professor da PUC Minas), Kelly Castilho (diretora de arte), Cintia Lima (atriz e artista visual pernambucana) e Cida Reis (Coletivo Coisa de Preto). “Queremos identificar qual a diferença entre a direção de arte em um filme nosso para o cinema branco”, explica Labibe. 

E encerrando o evento, na noite de quinta, a mostra põe em pauta o afrofuturismo – termo popularizado pelo enorme sucesso do blockbuster “Pantera Negra” - com os filmes “Quintal” e 
“Rapsódia para o Homem Negro”, da produtora Filmes de Plástico, e o curta “Chico”, dos cariocas Marcos Carvalho e Eduardo Carvalho. “O termo ganhou muita projeção com o 'Pantera', mas já existe desde os anos 70, com a blaxploitation, e até antes. O objetivo da roda é disseminar conhecimento sobre o afrofuturismo, e identificar quais aspectos uma obra artística precisa apresentar para ser denominada afrofuturista”, conta a idealizadora. Além da própria Labibe, o debate vai contar com Zaika Santos (performance e cantora), Fábio Kabral (escritor e roteirista) e Eduardo Carvalho (realizador). 

Agenda

O quê. Mostra Negritude em Pauta no Audiovisual
Quando. de 11 a 13/9, às 19h
Onde. Sesc Palladium – avenida Augusto de Lima, 420, Centro
Programação completa. www.sescmg.com.br
Entrada gratuita