13 de maio

Assinatura da Lei Áurea, há 132 anos, é lembrada por programações culturais

Nesta quarta-feira, show, debate e exibição de documentário marcam a data que deu fim ao período escravocrata no Brasil

Por Bruno Mateus
Publicado em 12 de maio de 2020 | 16:34
 
 
O cantor e compositor Sérgio Pererê participa de live, nesta quarta, sobre música e ancestralidade Patrick Arley/Divulgação

Em 13 de maio de 1888, após seis dias de votações no Congresso e séculos de luta do povo negro pela sua libertação, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que decretava o fim da escravidão no país, que carrega a mácula de ter sido o último no Ocidente a abolir o escravagismo. Após 132 anos, a data é tema de debates, palestras, shows, documentários e está presente no dia a dia dos brasileiros. Nesta quarta-feira (13), uma programação foi pensada para ressaltar a importância do povo negro e sua cultura para o Brasil, e também colocar em discussão as dificuldades que eles enfrentam ainda hoje. 

Às 19h, o jovem Tavinho Leoni, 16, lança o pocket show “Roda de Samba da Abolição”, gravado para o projeto Circuito Cultural UFMG #emcasa. A apresentação vai ao ar no canal do centro cultural no YouTube. Tavinho, que toca pandeiro, tamborim, triângulo, zabumba, guitarra, conga e reco-reco e já participou do “The Voice Kids”, da Globo, vai mostrar suas influências dos vários tipos de samba, valorizando, por meio da cultura, a história dos negros e da raiz africana. 

O vídeo foi produzido pelo próprio artista, que está cumprindo quarentena devido à pandemia do novo coronavírus. Tavinho Leoni, que se prepara para gravar o primeiro álbum autoral com colaboração de compositores mineiros, também vai falar sobre as origens do samba e o surgimento do gênero no Brasil.

Inédito

Também no embalo da efeméride, o Canal Brasil exibe, às 20h, o documentário inédito “A Última Abolição”, da diretora Alice Gomes. O filme propõe uma análise histórica dos movimentos abolicionistas ao longo de quatro séculos, discute o protagonismo dos próprios escravos na luta pela liberdade e o papel dos quilombos no processo de emancipação, além de questionar a chamada democracia racial. 

O longa é recheado de depoimentos de advogados, historiadores e sociólogos, que revelam personalidades negras fundamentais para o processo de liberdade e trazem à tona a necessidade da reparação histórica e as dificuldades que o povo negro enfrenta ainda hoje. O filme terá reapresentação nas seguintes datas e horários: quinta (14), às 18h25, sexta (15), às 16h50, e domingo (17), às 10h45, também no Canal Brasil.

Dez episódios

Com o gancho de maio ser o mês da assinatura da Lei Áurea, o canal pago Prime Box Brazil exibe a série “Sanfoka: A África Que Te Habita” até 3 de julho, sempre às sextas, às 20h30. A produção é resultado da jornada, tendo Fortaleza como ponto de partida, do fotógrafo afro-brasileiro César Fraga e do professor de história Maurício Barros de Castro por nove países das quatro rotas do tráfico transatlântico: Guiné (Cabo Verde, Guiné-Bissau e Senegal), Mina (Gana, Togo, Benim e Nigéria), Angola e Moçambique, de onde estima-se que 5 milhões tenham sido escravizados e trazidos ao Brasil entre 1530 e 1888. 

“Sankofa: A África Que Te Habita” também destaca análises de especialistas e debate os motivos da resistência em se incorporar a cultura africana à identidade brasileira.

Live com Sérgio Pererê fala sobre música e ancestralidade

Embora não tenha sido programada por conta do dia em que se lembra a assinatura da Lei Áurea, a live Dando Corda, da Orquestra Sesiminas Musicoop, com o cantor e compositor Sérgio Pererê vai acabar, inevitavelmente, esbarrando no assunto. “Vai somar com a discussão, é sempre oportunidade questionar e refletir sobre o assunto”, ele diz.

O bate-papo sobre música e ancestralidade acontece nesta quarta (13), às 21h30, com transmissão pelo perfil da Orquestra no Instagram e apresentação do maestro convidado Marco Antônio Maia Drumond. Hoje, não fosse a pandemia do novo coronavírus, Sérgio e os músicos da companhia realizariam o concerto “Canções Praieiras”.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Estão preparados para o próximo Dando Corda? O cantor, percussionista, compositor e escritor mineiro Sérgio Pererê conversa com o Maestro Marco Antônio Maia Drumond na próxima quarta, ao vivo, no Instagram! 😍 ⠀ De djembé a guitarra, de charango a rabeca, Sérgio Pererê é um multi-instrumentista, com destaque para o trabalho como percussionista. Trata-se também de um intérprete de timbre peculiar, melódico e potente, que adota no palco uma persona artística magnética. Suas composições já foram gravadas por nomes como Ceumar, Titane, Fabiana Cozza, Eliana Printes e Maurício Tizumba. O artista também já dividiu o palco com Milton Nascimento, Naná Vasconcelos, Wagner Tiso e João Bosco e, integrou o grupo Sagrado Coração da Terra, ao lado de Marcus Viana. 🎵 ⠀ Impossível ficar de fora deste bate-papo que promete ser incrível! ❤❤❤ ⠀ #orquestrasesiminasmusicoop #orquestra #dandocorda #pracegover #ficaemcasa #sergioperere

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“Quando penso no 13 de maio, fico imaginando que é uma reflexão política muito forte. É importante perceber que o que era o regime escravocrata é similar a nossa conjuntura política do país de hoje. Os povos que eram escravizados naquela época, negros e índios, também sofrem diante dessa loucura que é nosso país”, afirma Sérgio Pererê.

Sobre o tema da live, o cantor e compositor diz que ele é uma síntese para falar sobre diversos, desde seus processos de criação ligadas à música étnica de diferentes regiões até o sentido de ancestralidade. “Não só daquilo que é algo do passado, mas no sentido do que existiu antes, faz sentido agora e fará sentido sempre, em qualquer tipo de cultura e de tradição”, destaca o compositor. 

No dia 23 (sábado), Sérgio Pererê faz show online do lançamento do álbum “Revivências”, às 21h, no YouTube. (Com Patrícia Casesse)