Novidade

BH ganha clube de jazz com clima de bar e seis dias de música por semana

Clube de Jazz do Café com Letras será inaugurado nesta segunda-feira (18), na região da Savassi, com apresentação de big band residente do espaço; festivais da casa também serão realizados ainda em 2022

Por Bruno Mateus | @eubrunomateus
Publicado em 18 de julho de 2022 | 15:28
 
 
Sonho realizado: Bruno Golgher comanda o Clube de Jazz do Café com Letras, que será inaugurado nesta segunda (18) Foto: Sabrina Garcia/Divulgação

A construção cravada no número 47 da rua Antônio de Albuquerque, na região da Savassi, guarda diversas memórias da infância de Bruno Golgher. Foi nesse endereço que o produtor cultural e proprietário do Café com Letras cresceu nos anos 1970, em uma Belo Horizonte mais bucólica, menos acelerada e megalomaníaca. “Eu fazia natação aqui pertinho, no Corpo de Bombeiros, aula de inglês; minha escola era bem ao lado da nossa casa, onde hoje funciona um restaurante. Aprendi a andar de bicicleta nessa rua, que era cercada de casinhas, e era onde eu também ficava jogando futebol, brincando”, relembra Golgher, que se mudou da casa com os pais e os três irmãos em 1978 e nunca mais voltou a viver no local.

Mais de 40 anos depois, o empresário ocupa novamente o espaço. O tempo passou, BH mudou, a rua já não é mais cercada de simpáticas casinhas forjadas em estilo neocolonial, mas a paixão de Golgher pela música, especialmente pelo jazz, permaneceu intacta.

O sonho de ter um clube de jazz ganha contornos reais nesta segunda-feira (18). Hoje, após 10 meses de reformas, ele inaugura o Clube de Jazz do Café com Letras na mesma Antônio de Albuquerque, nº 47. A partir das 19h (veja detalhes da programação de abertura no fim da matéria), o produtor cultural dá início a um projeto que passeia com sua cabeça há pelo menos 15 anos. Idealizador do Savassi Festival, evento de jazz já consolidado no calendário cultural de BH, Golgher sentia falta de um espaço que fosse ao mesmo tempo uma extensão do festival e um ponto de encontro de músicos e público em torno do jazz.

“Era o sonho de um lado e a necessidade do festival de outro”, ele comenta. O ambiente intimista também era um dos charmes que Golgher perseguia: “Para o jazz, em particular, a proximidade faz muita diferença. Tem uma energia do público com a banda, do improviso. No jazz não tem piada pronta, os  shows são sempre diferentes e o clube te dá essa proximidade, essa troca”.

Liderada pelo guitarrista e compositor Felipe Vilas Boas, a Big Band do Clube de Jazz será a responsável por fazer o primeiro show do novo espaço musical de BH. Pensado especialmente para ser a banda residente do clube, mas também para abrir diálogo com artistas e compositores nacionais e internacionais, o grupo, que poderá se apresentar em festivais, é formada por outros 12 músicos: Jackson Ganga (sax alto), Vinícius Augustus (sax alto), Breno Mendonça (sax tenor), Vinícius Mendes (sax tenor), Wagner Souza (trompete) Daniel Leal (trompete), João Machala (trombone), Danilo Mendonça (trombone), Lucas De Moro (piano), Felipe Vilas Boas (guitarra) Bruno Vellozo (contrabaixo) e Cyrano Almeida (bateria).

Música de segunda a sábado e festivais ainda em 2022

A programação musical ocupará o clube de segunda a sábado, com bandas e artistas apresentando dois sets de 60 minutos cada. Segunda-feira, por exemplo, é o dia da big band. “É a única agenda fixa”, diz Golgher. Terça será dia de abrir palco para novos talentos do jazz e da música instrumental da capital, além de iniciativas educacionais em parcerias com instituições como a Uemg e a UFMG. “Quero saber o que os jovens estão fazendo, componho. Quero que essas pessoas sintam que o clube é a casa deles”, acrescenta o produtor.

Artistas já consagrados, entre os quais Chico Amaral, Juarez Moreira, Toninho Horta e Túlio Mourão, se apresentarão às quartas-feiras. Folk, nova MPB, choro contemporâneo e cantautores da cidade terão espaço às quintas. Na sexta e no sábado o jazz volta a ser protagonista, com olhares pontuais também para o blues feito em BH.

“Estou tentando construir uma programação que converse com idades e perfis variados e ter uma carta aberta para outros estilos musicais além do jazz. Não quero comer a mesma comida o tempo todo”, observa o produtor, que também pretende gravar discos ao vivo no Clube de Jazz. Ainda neste segundo semestre, três mini-festivais da casa serão realizados. “Teremos uma semana dedicada às mulheres na música instrumental, depois uma semana só de big bands e, por fim, um festival de duos de pianos”, detalha Bruno Golgher.

Clube de jazz com cara de bar

“Nunca quis que fosse algo chique, qualquer pessoa pode chegar e ficar à vontade, sem essa ideia de que jazz é uma coisa sofisticada. O que eu quero é que seja uma coisa tecnicamente super profissional, com ótimos equipamentos, músicos felizes”, pondera o produtor. Bruno Golgher também reafirma a intenção de que o local tenha a ver com a cultura da cidade, inclusive com mesas na calçada, de onde os frequentadores poderão escutar o show através de vidros acústicos instalados na fachada. O Clube de Jazz terá capacidade para aproximadamente 60 pessoas no espaço interno e outras 40 nas mesas colocadas no ambiente externo.

“O belo-horizontino ama ficar no passeio, é um traço cultural e eu queria dialogar com isso. Quem anda na rua também vê tudo que está acontecendo no clube”, conta. Outra novidade é que as apresentações no Clube de Jazz do Café com Letras serão gravadas e disponibilizadas no YouTube do Café com Letras.

O cardápio do Clube de Jazz, desenvolvido pelo chef Renato Quintino, traduz a ideia de não ser um local pedante e intimidador e terá pratos típicos de botecos tradicionais da cidade e da comida contemporânea, basicamente para compartilhar. Opções veganas e vegetarianas não ficaram de fora. Na parte das bebidas, com a colaboração da bartender Jocassia Coelho, a casa servirá chopp, drinks feitos para a casa e coquetéis tradicionais, com ênfase em uísques e bourbons.

Programe-se

O Clube de Jazz do Café com Letras (rua Antônio de Albuquerque, 47 - Savassi) será inaugurado nesta segunda-feira (18), às 19h, com apresentação da Big Band do Clube. Só há ingressos disponíveis para assentos individuais e podem ser adquiridos a R$ 30 pelo Sympla. O espaço funciona de segunda à sexta, das 17h30 até meia-noite, para público de todas as idades. Aos sábados, a casa abre às 16h. Confira a programação da semana de inauguração do Clube de Jazz:

Terça-feira (19): Lucas de Mello Quarteto + Jasmin Godoy (19h às 21h30)

Quarta-feira (20): Juarez Moreira (19h às 21h)

Quinta-feira (21): Moons (20h às 22h30)

Sexta-feira (22): Rafael Martini lança o álbum “Vórtice” (20h às 22h)

Sábado (23): Cliff Korman Trio (20h às 22h)

Veja entrevista de Bruno Golgher ao programa 'Conecta', da rádio Super 91,7 FM: