Música

Coral lança primeiro clipe do EP visual 'Os Loucos Anos XX'

Com quatro clipes, projeto traça paralelo entre a década de 1920 e os dias atuais, a partir de releitura futurista do sertão

Por O TEMPO DIVERSÃO
Publicado em 18 de agosto de 2022 | 20:02
 
 
"O Fim do Mundo" é descrito como um baião trap, construído a partir de um conceito bem contemporâneo Foto: Lina Mintz/Divulgação

A cantora, compositora e poetisa Coral lançou, nesta quinta-feira, "O Fim do Mundo", o primeiro vídeo do  EP visual “Os Loucos Anos XX. Na verdade, a primeira ação referente ao disco aconteceu no último dia 11, quando foi lançado o interlúdio “Anunciação” em formato de faixa nas plataformas e reel, no Instagram.

Os demais clipes estão previstos para os dias 25 deste mês (“O Jogador e a Cartomante”) e, em setembro, nos dias 8 (“Rainha de Paus”) e 22 (“Natal”). Já a música “Manifesto” vai ao ar no dia 1 de setembro, também como faixa e reel. Os lançamentos serão feitos pela LOCO Records, de Belo Horizonte, com distribuição da Ingrooves. Sob a chancela de diversidade da Natural Musical, “Os Loucos Anos XX” é idealizado por Coral em parceria com a produtora cultural, antropóloga e poetisa Isadora Mayrink. 

O EP faz um paralelo direto com a tresloucada década de 1920, marcada pela guerra, lutas por liberdades individuais e sexuais, ondas feministas, antropofagia modernista brasileira, surrealismo, proibição do álcool nos EUA e... por uma pandemia de gripe.

Esse contexto guarda uma coincidência drástica e muito vívida com os dias atuais. Coral capta os meandros dessa convergência em seu EP, tendo como pano de fundo uma paisagem futurista do sertão do Brasil, a partir do olhar sertanejo e nordestino do berço da artista, nascida em Jequié, na Bahia, e radicada em Belo Horizonte.

“Eu comecei a ‘viajar’ em coisas congruentes do século passado com este século, a discussão sobre a identidade brasileira, crise no capitalismo, american way of life, o cinema como novidade, discussões de gênero com mulheres brancas reivindicando direitos sociais, e no Nordeste brasileiro estava acontecendo o cangaço. Hoje, vemos crise no capitalismo, crise identitária, no lugar do modo de vida americano, consumimos muito a cultura chinesa, no lugar do cinema, o streaming e os blogueiros. Eu peguei tudo isso, como conceito, e trouxe para dentro deste projeto”, resume Coral.

No roteiro do projeto, cercado por uma aura de realismo fantástico que reinterpreta o sertão nordestino, Coral está em cena nos quatro videoclipes, nos quais ela é metade humana, metade anfíbia, é cangaceira, é cabra, figura tradicional da cultura nordestina. Enfim, uma infinidade de identidades e, sobretudo, muitas perguntas abertas sobre identidade, lançadas do meio do sertão profundo do país. “A partir do sertão, desse lugar que também é muito religioso e moralista, eu queria falar, que a minha identidade não é o que me foi dito, ela é outra, é isso aqui, veja. Eu acho que o projeto é um projeto otimista, traz uma mensagem de resistência mesmo, é quase uma coisa positivista, como se a gente dissesse que é possível”, diz a artista.

Os videoclipes foram gravados em estúdio, na capital mineira, e locações da cidade histórica de Sabará, criando uma ambientação fluida para o sertão futurista de Coral. A direção geral é assinada por Thiago Nascimento e a direção de arte ficou a cargo de Alex Oliveira. 

Sobre Coral

Coral é poeta, cantora, compositora, intérprete e musicista de Jequié (BA), com mais de 15 anos de carreira na música. Hoje, morando e trabalhando em Belo Horizonte, é uma expoente significativa da cena musical independente, o que se comprova pelas suas participações recentes em festivais como Transborda, Novas Trilhas, Luzes da Liberdade, Música Mundo, Sarará e DDM Barreiro, todos com produção em Belo Horizonte; Festival de Jazz de Trancoso, na Bahia; e Festival de Solos, com produção em Campinas (SP).

Em 2020, apresentou seu repertório autoral em um show no Minas Tênis Clube, em BH, e foi contemplada pelo edital da Natura Musical. Em cena, Coral recria diversos ritmos como samba, maracatu, coco, reggae, ijexá, funk, MPB e pop, emoldurando uma poesia engajada e potente a partir de seu lugar como artista e pessoa trans não binária.

Coral lança “O Fim do Mundo”, 1º videoclipe de “Os Loucos Anos XX”

Quando. Dia 18 de agosto, quinta-feira

Onde. Clipe no YouTube | Faixa nas plataformas digitais