Débora Falabella, Yara de Novaes e Gabriel Paiva celebram 15 anos do Grupo 3

Tentar ampliar a discussão em torno de um tema que se torna cada vez mais urgente observados os dados alarmantes: a violência praticada contra a mulher. Esse é um dos alicerces do enredo de “Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante”, peça do Grupo 3 de Teatro que ganha sessão única e gratuita neste domingo. A apresentação faz parte da programação do projeto Mostra de Teatro de Ipatinga, e festeja os 15 anos de existência da companhia teatral criada pelos mineiros Débora Falabella, Gabriel Fontes Paiva e Yara de Novaes. 

Com trabalhos premiados no currículo, como “Contrações” (2013) e “Love, Love, Love” (2017), a trupe celebra a longevidade nos palcos até aqui, embora os integrantes confirmem que o cenário atual, de pandemia e decorrente isolamento social, tenha exigido um esforço de reinvenção para transpor aquilo que foi idealizado para ser exibido no plano presencial para uma nova plataforma. Por outro lado, não obstante as dificuldades, veio o estímulo gerado pela necessidade de criar.

Com texto de Silvia Gomez – celebrada expoente da nova geração da dramaturgia feita no Brasil, e sobrinha de Yara – e direção de Gabriel Fontes Paiva, a montagem narra a história de uma vigia (Yara de Novaes) locada em uma rodovia abandonada. Em uma noite estrelada, ela se depara com uma garota (Débora Falabella), jogada no asfalto após ter sido ser violentada, e em estado de delírio. A partir daí, a vigia vai se envolvendo no sofrimento da garota e acaba sendo um ponto de apoio em meio a um trauma que atinge tantas mulheres dia após dia.

Através da poesia e do humor ácido dos diálogos, o drama busca debater o poder negativo das sequelas, horrores e traumas impostos sobre mulheres vítimas de brutalidades.  "É importantíssimo a gente falar sobre essa questão, sobretudo no Brasil, onde os dados mostram um número aterrorizante dos casos de estupro e de todo tipo de violência cometida contra mulheres", conta, em entrevista pelo telefone, Débora Falabella. 

Para ela, uma das propostas do enredo é fortalecer a discussão sobre os aspectos de crueldade presentes nas relações humanas desde muito tempo. "Quando a gente consegue chegar nas pessoas através de uma obra artística, isso se torna muito mais potente para quem assiste. Eu fico muito feliz de poder levar para o público de forma poderosa e ao mesmo tempo sensível, um assunto tão urgente e importante como o que a gente aborda nesse espetáculo", completa a atriz.

Muito elogiada por sua interpretação na peça, Débora revela que precisou de muito preparo físico e emocional para assumir o papel. "É um espetáculo muito físico para mim. Ao mesmo tempo que sirvo como o 'corpo político' da história, eu também tenho que lidar com todas as dores e dificuldades que se sobrepõem a alguém que sofre de abusos", conta a atriz. 

Em cena Débora transmite todos os horrores vividos por uma vítima de estupro por meio de movimentos corporais. "Não é fácil tentar reproduzir as agonias que tomam conta de uma pessoa que passa por isso. Meu maior desafio é estar sempre disposta para ser o fio condutor desses traumas e impactar a quem assiste. Talvez assim as pessoas possam refletir mais profundamente sobre estas mulheres", ensina.

Outro ponto alto da montagem é a trilha sonora que foi especialmente composta pelo músico baiano Lucas Santtana e ganha vida no palco através de uma gravação da banda boliviana Las Majas. 

Serviço
Data: 24/1
Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante
Horário: 19h
Link: https://www.sympla.com.br/neste-mundo-louco-nesta-noite-brilhante--mostra-de-teatro-de-ipatinga-em-casa__1101595
Duração: 90 minutos
Classificação: 16 anos
Bate-papo com as atrizes, com até 30min de duração, após a apresentação