Teatro

Espetáculo inédito traz vida e obra de Belchior para o Sesc Palladium

Escrito e estrelado pelo ator Rogério Silvério, 'Belchior: Sujeito de Sorte' ganha apresentação única em BH nesta sexta (24)

Por Alex Ferreira | @alexnycman
Publicado em 23 de março de 2023 | 05:30
 
 
Escrito e estrelado por Rogério Silvestre, show esquadrinha a vida e a obra de um dos maiores artistas da MPB, Belchior Foto: Bruno Pinto

"Eu não estou interessado em nenhuma teoria, em nenhuma fantasia, nem no algo mais / A minha alucinação é suportar o dia-a-dia / E meu delírio é a experiência com coisas reais".

Foi com versos assim, repletos de uma poesia criativa e instigante, que Antonio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, mais conhecido como Belchior (1946-2017), deixou uma marca rara e indelével na face da música popular brasileira.

Agora, o universo musical do cantor e compositor cearense serve de inspiração para “Belchior: Sujeito de Sorte", espetáculo que estreia nesta sexta (24), às 21h, no Sesc Palladium, no centro da cidade. Escrito e estrelado por Rogério Silvestre, o show esquadrinha a vida e a obra de um dos maiores artistas nacionais de todos os tempos.

Acompanhado no palco dos mesmos músicos que estiveram no musical “Gonzaguinha, O Eterno Aprendiz”, Silvestre conta que o tributo surgiu de maneira insólita.

"Quando acabei de fazer o espetáculo sobre o Gonzaguinha, um produtor lá de Brasilia me disse: 'Por que não leva agora o Belchior para o palco?'. Isso nunca tinha passado pela minha cabeça, mas decidi compartilhar a ideia com os músicos que tocam comigo e eles adoraram. A partir dai comecei a estudar a obra do Belchior, ver documentários, shows e tive a certeza que o projeto tinha que sair do papel", recorda o ator.

Segundo ele, o lado lírico de Belchior é um dos destaques do show.

"A gente explora um pouco da faceta poética dele no espetáculo. Mostramos muitas atitudes que ele tinha na arte, na poesia, na pintura que deixam claro como ele era um artista leve, pulsante e sentimental", avalia.

Silvério afirma que embora seja uma homenagem, a peça não busca incorporar os trejeitos de Belchior em cena.

"Encaro essa interpretação como se ela fosse uma silhueta. Não tenho a preocupação de estar igual ao Belchior no palco. Obviamente que em alguns momentos do espetáculo a gente se aproxima de traços particulares dele, como a voz, os gestos dele no palco, a forma de empolgar a plateia. Mas não buscamos nenhuma exatidão nisso e sim fazer um aceno à sua essência, alma e genialidade. O mais importante é emocionar as pessoas", admite.

Ao vivo, Rogério Silvestre e sua banda interpretam 17 canções do compositor nordestino que recebem 14 textos feitos exclusivamente para a apresentação. Engana-se, porém, quem acha que a escolha do setlist foi uma tarefa fácil.

"O Belchior tem tantas músicas bonitas que foi complicado escolher. Por fim, a gente acabou optando por canções que tinham mais a ver com a proposta do espetáculo e que se encaixassem na cronologia do texto. Mas a verdade é que foi uma dor na alma ter que deixar muitas composições de fora", comenta.

O resultado reflete muito da leveza, lirismo e intensidade que são marcas da obra de Belchior. Isso fica evidente no repertório recheado de sucessos como “Perfil de um Cidadão Comum”, “Alucinação”, “Medo de Avião”, “Fotografia 3×4” e “Sujeito de Sorte”.

Silvério nota que apesar dos anos, as letras e músicas de Belchior se mantém cada vez mais relevantes.

"Tenho muito orgulho de poder apresentar para uma nova geração um legado tão rico quanto o do Belchior. Ele é um dos artistas que mais contribuiu para a riqueza da cultura brasileira e continua atualíssimo", observa ele.

"Temos visto muitos jovens vindo ao espetáculo com camisetas do Belchior e cantando todas as canções dele. Suas frases, sons e poesia são uma prova de como ele se mantém presente, vivo e transformador", pondera o ator, antes de concluir: "Belchior não vai morrer nunca. Ele é eterno!"

Serviço

O quê: Espetáculo 'Belchior, Sujeito de Sorte'

Quando: Nesta sexta (24), às 21h

Onde: No Grande Teatro Sesc Palladium (rua Rio de Janeiro, 1046 – centro)

Ingressos: De R$ 30 a R$ 100 pela plataforma Sympla