Fora do circuitão, o Pompeia está em alta

Inaugurado há pouco menos de dois meses, o bar Juramento 202, nome que entrega o endereço em que está situado, no bairro Pompeia, na região Leste de BH, tem conquistado paladares e corações com sua proposta de trabalhar sobre os pilares do artesanal e do analógico, num espaço que evidencia o charme da simplicidade na decoração. A cerveja de fabricação própria Viela (a fábrica funciona no mesmo quarteirão do bar) encabeça os rótulos oferecidos, todos de microcervejarias convidadas, que, segundo um dos proprietários, Rafael Quick, topam praticar um preço mais em conta para o consumidor (elas custam R$ 3, R$ 5 ou R$ 7, conforme o tamanho do copo). Os queijos, os embutidos e as conservas que são vendidos (a R$ 12, cada porção) também são produzidos artesanalmente, assim como o refrigerante e outras bebidas que inventam, aproveitando a estrutura da Cervejaria Viela.

“Trabalhamos com a ideia de uma cerveja artesanal inclusiva, com o preço mais em conta. Ter a fábrica do lado do bar nos possibilita isso. O bar é quase um manifesto, no sentido de fazer as coisas ao modo antigo, sem pressa. A lógica é menos planejamento e mais conceito”, diz Quick, destacando que esse modo de ser também implica uma inserção mais natural na paisagem da região, o que já gerou uma relação amistosa e mesmo parcerias com outros estabelecimentos da região e moradores.

Com a repercussão que vem tendo, o Juramento 202 chama a atenção para outros bares situados tanto no Pompeia quanto no bairro vizinho, o Esplanada, que se destacam por suas peculiaridades, pelo cardápio ou pela fama que conquistaram. É o caso do bar do Baiano, que, para muitos, vende a melhor carne de sol da cidade (R$ 32, a porção). “A gente faz todos os tira-gostos e porções. Costumam vir aqui alguns chefs conhecidos, o do Patuscada, o chef Túlio”, diz Anselmo Ferreira de Andrade, filho de José Ferreira de Andrade, o Baiano, que fundou, há 50 anos, o bar de proporções e instalações modestas que fica a poucos metros do Juramento 202.

Entre o frescor de um e a tradição de outro, o Pompeia abriga também bares como o Barracão Butiquim, que, fundado em 2008, conquistou uma clientela cativa com um cardápio inovador e um ambiente aconchegante, criado no quintal de uma casa na rua Antônio Justino. Com proposta similar à do Barracão, há também o Bar da Leila, fundado em 2013 na rua Amazonita. “O carro-chefe é a batata rosti, que pode ser recheada. As que mais saem são as de carne-seca, catupiry e cebolinha e a de camarão com catupiry. Tem a média e a grande, que sai a partir de R$ 42,90, variando de acordo com o recheio”, diz a proprietária Leila Galery.

Na mesma rua, distante alguns quarteirões, está o Bar do Ricardo, fundado em 1971, na esquina da avenida do Contorno com rua Juiz da Costa Val, no bairro São Lucas, onde funcionou durante 20 anos antes da mudança para o Pompeia. Com um perfil mais popular e um despojamento monástico, o espaço recebe principalmente a freguesia do bairro. A razão social do estabelecimento, Bar e Mercearia Portuguesa, dizem sobre seu fundador, o português Gerônimo, pai de Ricardo, e sobre a especialidade do cardápio: as sardinhas e peixes em geral, que ficam na estufa e são servidos fritos.

Outro clássico da região, este no Esplanada, é o Sílvio’s Bar, que ganhou fama para muito além dos limites da região Leste por seus petiscos e pratos, como o Anguioba, que combina angu, costelinha de porco, taioba e molho de pimenta biquinho. Se a ideia for uma refeição mais completa, a sugestão do cardápio é o espaguete à bolonhesa ou o tropeiro, tradicionais na casa. 

Bares compartilham aspectos da região

Um dos proprietários da Cervejaria Viela do bar Juramento 202, Rafael Quick diz que ele e os sócios elegeram o Pompeia para o empreendimento por seu aspecto interiorano. Com efeito, tanto o Pompeia quanto o Esplanada evocam a rotina pacata das pequenas cidades distantes da capital do Estado, com suas casas e sobrados, os vizinhos conversando sentados nas calçadas, e um comércio que, no geral, parece parado no tempo.

De uma forma ou de outra, os bares da região conservam esse espírito. De um lado, há a simplicidade genuína do bar do Baiano, do bar do Ricardo ou do Sílvio’s Bar. De outro, há o Juramento 202 reproduzindo em sua decoração uma arcaica mercearia de secos e molhados e o Barracão Butiquim e o Bar da Leila instalados em quintais de casas, com muitas plantas e toalhas de chita sobre as mesas.