Internacional

John Mayer apresenta seu blues com pop em BH

Guitarrista e compositor norte-americano traz a BH turnê baseada em seu mais recente trabalho e une clássicos a novidades

Por Raphael Vidigal
Publicado em 20 de outubro de 2017 | 03:00
 
 
John Mayer fará o que chama “show de catálogo”, com músicas de todas as suas fases FRANK OCKENFELS/Divulgação

Eric Clapton, Jimi Hendrix e Anitta atualmente só aparecem juntos na mesma frase quando, na sequência, vem o nome de John Mayer, 40. Além de tocar com o primeiro e ser fã do segundo, Mayer teve uma de suas canções registrada pela intérprete de “Bang”. E não foi uma canção qualquer. O artista, que traz para BH a turnê “The Search for Everything” nesta sexta-feira (20), na esplanada do Mineirão, certamente alocou “Daughters” (que lhe valeu um Grammy em 2005) no repertório. “Quando você tem tantos discos, há muitas músicas que você poderia tocar”, declarou o músico de Connecticut que, há 20 anos, iniciou a carreira em Massachusetts como um prodígio da guitarra, logo depois de abandonar a recomendada Berklee College of Music.

“Desde a minha primeira música internalizo muito as coisas, deixo elas bem profundas dentro de mim. Então, ao compor, vou nesse lugar para procurar essas histórias, esses sentimentos. Mas há duas coisas que tento entender, e, de fato, ainda não consigo: o tempo e o amor. A ideia de alguém não estar mais ali, de o presente já se tornar passado. Acho que, talvez mais velho, eu seja capaz de entender. Às vezes, penso que gostaria de repetir aquele dia que acabei de viver. Mas ele já está lá, no passado”, elabora o músico.

A depender do cantor, a apresentação desta sexta-feira (20) tem tudo para ser um dia que tanto ele quanto espectadores terão vontade de reviver. Esta é apenas a segunda vez que o astro vem ao Brasil e, até aqui, já pode ser apontada como a maior passagem, ao menos em termos quantitativos, afinal serão cinco shows em capitais diferentes. Ele já tocou em São Paulo e, após o show de BH, ainda se apresenta no Rio de Janeiro, em Porto Alegre e em Curitiba. “Eu lembro de ter feito aquele show do Rock in Rio (em 2013), e senti que todas as canções que executava estavam sendo compreendidas. Até músicas como ‘Dear Marie’ (de ‘Paradise Valley’, 2013) eram 100% aceitas. Isso mexeu comigo profundamente”, recorda.

Baseado neste sentimento, Mayer pretende mesclar os grandes sucessos com algumas canções do último disco (justamente “The Search for Every-thing”, em tradução literal “A Busca de Tudo”), lançado em pequenas doses nos primeiros meses de 2017. “É um balanço delicado. Acho que a minha meta para este ano e o próximo é deixar de ser aquele ‘show de hits’ para ter um ‘show de catálogo’. O Pearl Jam fez isso muito bem. É o balanço entre ser familiar e interessante. Ser interessante é o que faz algo se tornar familiar. E o familiar é o que faz algo ser interessante. Seja hit ou não’, filosofa.

Ao mesmo tempo, Mayer admite que a tarefa não é das mais simples. “Em algumas turnês, incluí quatro ou cinco músicas dos discos mais recentes e a resposta não era boa. Às vezes, uma canção não funciona. Lembro que, quando lancei ‘Battle Studies’ (2009), as músicas não funcionavam ao vivo. Tive que voltar, na época, para o repertório do disco ‘Continuum’ (2006)”, avalia.

Mescla. A mescla de influências pode ser um bom indicativo para explicar a capacidade de Mayer em agradar a “gregos e baianos”. “Ele soube aliar uma pegada pop com blues de qualidade. É um artista subestimado, porque é um senhor guitarrista e as pessoas, às vezes, só enxergam esse lado pop”, detecta o jornalista Rodrigo James.

Guitarrista da banda mineira Black N Yellow, Lorenzzo Antonini reforça esse posicionamento. “Eu gosto muito da maneira como ele funde música pop com ritmos mais tradicionais como blues, jazz e rock”, elogia. Jornalista e apresentadora, Fernanda Ribeiro analisa os momentos de transição do músico. “Ele começou como um fenômeno pop, um músico bom e um rostinho bonito que aparecia muito por causa dos seus relacionamentos famosos. Com o tempo foi amadurecendo como artista e afirmando seu nome no mundo pop, inclusive como um excelente guitarrista”, afiança.

Fã de carteirinha do músico, a advogada Maria Thereza Aroeira explica, em palavras, o que sente ao ouvir John Mayer: “A voz dele é super suave e delicada, mas, ao mesmo tempo, é marcante. Pelo fato de ser leve e fácil de escutar as músicas, elas acabam transportando a gente para qualquer lugar mentalmente”.

Como música favorita, ela não tem dúvidas: “Daughters”. “Tem a letra mais linda e manda uma mensagem contra o abandono de filhos, na verdade, de filhas, especificamente”, assegura. A canção é a mesma que tem um significado pessoal para a engenheira química Caroline Alencar, outra fã que já garantiu ingresso para o show. “O que mais me chama atenção nessa música é a ótica ampla que ela traz sobre o relacionamento entre pais e filhos, mostrando o quanto isso impacta a vida das pessoas”, avalia. (Com agências)

Serviço. “The Search for Everything World Tour”, com John Mayer, nesta sexta (20), às 21h, na Esplanada do Mineirão (av. Abrahão Caram, 1.001, Pampulha). Ingressos: De R$ 120 (meia) a R$ 500 (inteira).