Lançamento

Jornalista Edison Veiga perscruta a vida de Santo Antônio de Pádua

Livro repassa a história do intelectual português que se chamava Fernanda, e que se tornou o santo mais querido do Brasil

Dom, 13/06/21 - 15h40

Alvo de devoção dos brasileiros, Santo Antônio de Pádua tem sua trajetória de vida recontada por Edison Veiga, autor da biografia "Santo Antônio", lançada pela editora Planeta. Jornalista com passagens por períodicos como "Veja São Paulo" e "O Estado de São Paulo", o também escritor paulista (nascido em Taquarituba) mora atualmente em Bled, na Eslovênia. Logo no início da obra, ele pondera os empecilhos que enfrentou ao eleger, como alvo de sua pesquisa, a vida de um homem que viveu há quase 800 anos, como a falta de uma documentação precisa. A tudo isso ele adiciona o fato de Antônio de Pádua ter sido um andarilho por natureza, bem como a constatação de que "a gigantesca devoção a ele amplificou, ao longo do tempo, as lendas e os milagres".

A decisão de arregaçar as mangas veio no segundo semestre de 2017, ainda em São Paulo, e prosseguiu em 2018, na Itália, onde Veiga residiu. O fecho aconteceu no ano seguinte, quando já morava na Eslovênia, mas se dispôs a fazer viagens à Itália para concluir os trabalhos.  A narrativa, aqui, começa exatamente "na bota", mais precisamente em Pádua (ou Padova), lugar de peregrinação de fiéis de todo o mundo. A também cidade universitária, conhecida ainda por abrigar afrescos de Giotto, recebe milhares de visitantes  interessados em se dirigir à igreja dedicada ao santo, que foi finalizada em 1310. Mas sim, como o autor bem lembra, há outros pontos de devoção na cidade, que, vale lembrar,  fica pertinho de Veneza.

No capítulo 2, o autor retrocede para abordar o nascimento, em 15 de agosto de 1195 (data que, avisa o autor, pode não ser a real), de Fernando Martins de Bulhões e Taveira de Azevedo, o verdadeiro nome do futuro Antônio. Daí, ele repassa histórias da infância do garoto de linhagem nobre até chegar à adolescência, quando veio a opção pela vida religiosa, ao mesmo tempo em que a mudança para Coimbra trata de solidificar a vocação intelecutal, concomitantante à rendição aos princípios dos franciscanos, quando enfim se torna Antonio. 

Na ordem, manteve a firmeza de seus ideais mesmo quando os retiros previam apenas pão e água. Aos poucos, a figura maltrapilha se revela um grande orador, passando a exercer o domínio da palavra em países como a Itália e a França. Na Itália, passou por cidades como Udine, Trieste, Trento, Vares, Bergamo e Ferrara, entre muitas outras. Mas, cansado de atividades burocráticas, acabou pedindo dispensa do cargo de provincial, quando escolheu residir em Pádua, mas já com a saúde debilitada. No entanto, seus sermões - nos quais tratava de condenar a luxúria e ganância - seguiam atraindo um público extenso.

Daí o autor repassa a morte em Capo di Ponte, o estupor e a dor do povo, até o sepultamento, em 17 de junho de 1231, e a santificação no ano seguinte, calçada nos vários relatos de milagres.  Naturalmente, o autor se detém sobre a fama do casamenteiro, amplificada no Brasil, onde, lembra, há 38 cidades no Brasil com o nome do santo, ainda que com variações. Um estudo aponta que existem 550 igrejas a ele dedicadas no Brasil. Os caminhos percorridos pelo autor também incluem a exumação dos restos mortais, nos anos 80, e o fantástico roubo da mandíbula do santo, em 1991, praticado por três homens armados. 

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