Música

A energia inesgotável  de Yamandu 

Com três discos lançados nos últimos seis meses, violonista também prepara série de programas para a TV

Qua, 04/03/15 - 03h00
Tocata. Disco gravado com quarteto é o mais novo rebento da produção frenética do gaúcho | Foto: IsabelaKassow

Se Yamandu Costa teve que trocar as noites viradas em rodas de choro pelos bares cariocas por encontros com amigos no seu apartamento em Botafogo, isso não significa que a energia do gaúcho diminuiu. Pelo contrário, os projetos do violonista de 35 anos continuam a todo vapor, e abrangem desde apresentações pelo mundo a programas de televisão dedicados ao violão.
 

Já no fim deste mês, o violonista receberá, como apresentador do programa “Contradança”, do Canal Brasil, músicos convidados como João Bosco e Ed Motta para 13 apresentações exclusivas. Com veiculação programada para o fim de 2015, será a segunda aparição de Yamandu no canal fechado neste ano.

Em junho, uma produção maior também deve estrear pelo mesmo canal. “Sete Vidas em Sete Cordas” mostrará uma viagem de Yamandu pelo mundo do instrumento, que contará, além de entrevistas com instrumentistas brasileiros, com uma incursão do gaúcho pela Rússia, país no qual essa versão do instrumento nasceu.

Também no fim do primeiro semestre, o músico tem agendada uma apresentação em Paris, com uma orquestra local, e uma apresentação no Japão. Como se fosse pouco, Yamandu tem apresentações programadas para Austrália, Estados Unido e Costa Rica e, entre outras, uma passagem pelo Festival de Violão Internacional de Belo Horizonte, em abril próximo.s

Some-se a isso os discos recém-lançados pelo gaúcho. Só nos últimos seis meses, foram três: “Bailongo”, em parceria com o baixista Guto Wirtti; “Concerto de Fronteira”, com a Orquestra do Estado do Mato Grosso; e “Tocata à Amizade”, em quarteto. “Acho que nunca lancei tantos discos em um período tão curto de tempo”, diz Yamandu. “São trabalhos muito diferentes entre si. Porém, do jeito que o mercado está, a gente não tem que pensar nisso. Acho que a história do CD como suporte vai acabar daqui a um tempo, mas o fonograma vai continuar. E o que a gente tem que fazer é continuar produzindo”, reflete.

Quantidade. O ritmo incansável de Yamandu, no entanto, não é um sintoma atual da vida regrada como pai de família. O violonista, inclusive, contabiliza cerca de três dezenas de discos em sua discografia. Mas isso não impede que surpresas surjam aqui e ali.

“Passei o Natal com a família, no sítio, e um amigo jogou meu nome no Google de brincadeira”, conta Yamandu. “Aí apareceu um disco que eu gravei em 1997, nos Estados Unidos, que foi produzido por um gringo que queria fazer minha carreira por lá. E eu nem lembrava disso”, recapitula. “Acaba que foge do controle o tamanho da obra que está gravada”.

A história dá uma ideia da forte ligação de Yamandu com o Brasil. Se ainda adolescente não havia tentação em deixar o país cuja musicalidade é matéria-prima para sua maneira de tocar, hoje o cenário parece apenas na forma de brincadeira. “Às vezes, me perguntam se não tenho vontade de viver fora do Brasil”, diz o violonista. “Aí eu faço uma piada bem bairrista e falo: ‘Para um gaúcho, já moro no exterior’, porque, para mim, viver no Rio é quase como viver em Bahamas”, conta, aos risos.

Adaptado na capital carioca, ele vê também com bons olhos a nova geração do choro, que fomenta o interesse pelo gênero, mantendo a linhagem de Baden e Raphael de vento em popa.

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