Estreia

Aos 63, Jerry Seinfeld volta a seus tempos de stand-up

Especial do comediante norte-americano estreia nesta terça-feira (26) no streaming

Seg, 25/09/17 - 03h00
Após ganhar contornos de lenda por “Seinfeld”, Jerry vai testar sua popularidade só no palco | Foto: Netflix / divulgação

SÃO PAULO. O primeiro episódio foi ao ar discretamente em 5 de julho de 1989 e o último, já com pompas globais, em 14 de maio de 1998. Mas “Seinfeld” só terminou para você, ingrato, pois continua viva em nossos corações.

E de certa forma reviverá também, a partir desta terça-feira (26), na Netflix, com a estreia do especial “Jerry Before Seinfeld” (Jerry antes de Seinfeld), em que o comediante retorna a seus tempos de stand-up, e fala de sua vida e carreira no Comic Strip, em Nova York, onde ele começou.

O contrato, de US$ 100 milhões (cerca de R$ 312 milhões), inclui 24 novos episódios da série “Comedians in a Car Getting Coffee”, mas (ainda) não os 173 episódios das nove temporadas de “Seinfeld”, que foram lançados em DVD e continuam a ser reprisados por diversos canais.

Estima-se que Jerry Seinfeld tenha faturado cerca de US$ 400 milhões (cerca de R$ 1,25 bilhão) com a “sindicalização” da série (os dividendos por reprises). Sabia o que fazia, portanto, quando recusou oferta da rede NBC, de US$ 110 milhões (em 1998!) pela décima temporada.

Todos os 22 episódios da última temporada ocuparam o primeiro lugar no ranking de audiência dos EUA, proeza que só as lendárias “I Love Lucy” (em 1951) e “The Andy Griffith Show” (em 1960) haviam alcançado.

Com a fragmentação de alternativas de lazer, inclusive de filmes e séries, é difícil que se repita atualmente a capacidade que “Seinfeld” teve de fincar pé no cenário cultural dos anos 1990, no papel de objeto comentado e também de comentarista de outros objetos.

Mas é provável que a estreia desta terça-feira (26) na Netflix contribua para despertar novo interesse pelo Jerry que despontou nos anos 1990 como ícone do humor na TV norte-americana.

Quem não havia nascido em 1999 ou ainda era criança será capaz de apreciar as aventuras de Jerry (Jerry Seinfeld), Elaine (Julia Louis-Dreyfus), Kramer (Michael Richards) e George (Jason Alexander)?

Há alguns pré-requisitos incontornáveis. Em primeiro lugar, é preciso ter alguma paciência. A exemplo de outros sucessos, os personagens e as situações só engrenam a partir da segunda ou da terceira temporada.

As últimas são as melhores; a série foi interrompida no auge, e não por esvaziamento. A forma estava consagrada e bastaria atirar nela qualquer tema da agenda sociopolítica (apropriação cultural seria um exemplo para hoje).

A “série sobre nada”, como ficou conhecida, era na verdade sobre tudo. Na dramaturgia criada por Jerry Seinfeld e Larry David, a abordagem de qualquer tema rendia comentários impagáveis sobre a sociedade urbana contemporânea.

O que nos leva a um segundo pré-requisito: estar aberto a um humor politicamente incorreto, orquestrado por personagens às vezes desprezíveis em seu olhar para o mundo e seu comportamento com os outros.

Nenhum dos protagonistas – com uma leve concessão à maluquice de Kramer – vale que se ponha a mão no fogo por eles. Mas o atual sucesso de “Veep”, com Julia Louis-Dreyfus, sugere que há um público jovem que curte essa pegada cínica. O próprio Seinfeld testará essa hipótese a partir desta terça-feira (26).

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.