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Aos dez anos, "G Magazine" é vendida

A partir deste mês, revista será produzida por um grupo norte-americano

Por SANDRAMARA DAMASCENO
Publicado em 29 de fevereiro de 2008 | 18:03
 
 
A partir deste mês, revista será produzida por um grupo norte-americano G MAGAZINE/DIVULGAÇÃO

Após uma década de dedicação ao público GLBT, a Fractal Edições, que fazia a edição da revista "G Magazine", foi vendida ao grupo norte-americano Ultra Friends International. A transação, de acordo com a exproprietária, Ana Fadigas, inclui todos os ramos de negócios em que a editora atuava, entretanto, ela preferiu não citar valores. "Só posso dizer que quem comprou a G levou seus ativos e passivos. Traduzindo no popular, suas receitas e suas dívidas." Isso inclui a revista, a G Travel Online, o site G Online e ainda uma agência de turismo voltada ao público GLBT."

Mas por que uma revista de tanto sucesso seria vendida? Necessidade. Este é o principal motivo apontado por Ana, além do acúmulo das dívidas e o trabalho solitário de comandar uma editora, já que os outros dois sócios, Otávio Mesquita e Ângelo Rossi, a deixaram. "Precisei vendê-la. Fazer uma revista, ou uma editora, e mais um portal com todo o aparato de uma empresa grande estava sendo muito difícil para mim e a equipe. As contas não batiam porque a G exigiu muito investimento em dinheiro e pessoal durante estes dez anos", justifica.

A solução, segundo ela, seria encontrar um parceiro ou um novo dono. A segunda opção foi a mais sensata, para que o grupo não visse o projeto da "G" acabar sem que ninguém fizesse nada. "Terminou nossa era triunfal, amada."

A edição de fevereiro foi a última edição da revista "G Magazine" sob o comando de Ana Fadigas. Durante os dez anos, de acordo com ela, tanto a revista quanto o público mudaram. Entretanto, sua direção seguia principalmente as vontades dos homens gays, com idade entre 18 e 35 anos, que além de nudez explícita, queriam ler matérias interessantes. "A ’G’ tem a consciência da diversidade humana. Misturava nudez, religião, auto-ajuda, modernidade, sacanagem e até orações", afirma a ex-editora. Ela ainda diz que o objetivo da produção era dar um continente de prazer, carinho e aceitação ao público homossexual. "Queríamos fazer com que eles encontrassem na revista um pouco da sua cidadania."

Início

"A G surgiu em minha cabeça a uns 15 ou 16 anos", diz Ana, que confessa estar fazendo um exercício de desapego com ajuda de uma terapeuta, desde que deixou a chefia da revista, em janeiro, quando produziu a edição de fevereiro. "Ela carregou muito da minha história pessoal", diz a empresária, que trabalhou cerca de 20 anos no grupo Abril e deixou a atividade para formar uma editora com os dois ex-sócios.