Cinema

Brasil com chances no páreo no festival Sundance

Diretor da premiação acredita em prêmio para “Que Horas Ela Volta?”, que, em competição, será exibido neste domingo (25)

Dom, 25/01/15 - 03h00
Exibição. Regina Casé protagoniza “Que Horas Ela Volta?”, que será exibido hoje no festival Sundance | Foto:

São Paulo. Responsável pela seleção dos filmes que passam por Sundance, principal festival de cinema independente do mundo, o norte-americano Trevor Groth diz que o brasileiro “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert, único do país em competição neste ano, tem potencial para ser premiado. “Acho que o brasileiro será um dos destaques do festival”, disse o diretor de programação. “É o tipo de filme ao qual acredito que o júri responderá bem. Ele tem chances reais de ganhar um prêmio”.

A produção, dirigida pela paulistana Muylaert (“É Proibido Fumar”), narra o drama de Val (Regina Casé), que deixa a filha no interior de Pernambuco para trabalhar como babá em São Paulo. A ida da garota para a capital paulista, após 13 anos, é que vai gerar o conflito que movimenta a trama. A estreia mundial será hoje, no festival, no Estado de Utah.

“É um filme caloroso, inteligente e bonito e, ao mesmo tempo, desafiador e provocativo”, elogiou Groth. “Ele lança um olhar novo sobre a temática familiar, que é clássica. É filmado com tanta vida que fui arrebatado por ele”, diz o diretor. Segundo Groth, filmes como o brasileiro são os que estão fazendo a competição internacional de Sundance ganhar corpo nos últimos anos. “A nossa competição internacional ainda está tentando se estabelecer”, avaliou. “Há outros festivais, como os de Cannes e Berlim, que existem há muitas décadas. Nós ainda somos jovens (o festival faz 30 anos neste 2015), mas esse é o tipo de filme que creio que vai nos colocar no mapa”, acrescentou.

Para Groth, a competição entre os filmes norte-americanos tende a receber mais atenção em Sundance por causa dos sucessos independentes que surgiram por lá. Em 2014, estrearam no festival, entre outros, “Boyhood – Da Infância à Juventude” e “Whiplash – Em Busca da Perfeição”, agora indicados a vários Oscars. “Gosto de pensar que fomos uma boa plataforma de lançamento para que esses filmes chegassem onde chegaram”, afirmou o diretor.

Segundo Groth, a pergunta que mais ouve todo ano é: “qual seu preferido entre os selecionados?”. “Quase nunca respondo, mas no ano passado disse que era ‘Boyhood’, porque é um filme único. É a coroação de tudo o que o cinema independente alcançou”. Para este ano, a aposta é “Mistress America”, de Noah Baumbach. Na fita, o diretor volta a trabalhar com Greta Gerwig, com quem havia feito “Frances Ha” (2012).

“Eles têm uma química incrível”, comentou Groth. “Esse é um que eu estou bem animado de poder mostrar neste ano”. O diretor de programação disse ainda ver como positiva a invasão de astros de Hollywood nos filmes independentes – Jennifer Lopez e Ryan Reynolds, por exemplo, estão em longas do festival neste ano. Contudo, gosta mesmo é de ver surgir na tela um novo talento: “Parte da graça é descobrir os nomes que vamos ver por aí por vários e vários anos”.

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