Balanço

cAsA se consolida como importante espaço de exposição de gravuras

Galeria é a única de Belo Horizonte – e uma das poucas do Brasil – que promove exclusivamente exposições de arte sobre o papel

Ter, 19/12/17 - 02h00
Curadoria. Atualmente, estão à frente da cAsA - Obra Sobre Papel os curadores Lucia Palhano, Paulo Rocha, Thyer Machado e Alê Fonseca | Foto: Mateus Baranowski/divulgação

Belo Horizonte é uma cidade com grande tradição gráfica. Aqui nasceu, por exemplo, a gravadora e desenhista Lotus Amanda Maria Lobo de Alvarenga, 74. Na cidade também existem importantes coletivos que trabalham com gravura, como a Casagravada. A capital ainda abriga importantes feiras gráficas, sendo a Faísca a mais destacada de todas elas. Apesar da efervescente produção, são poucos os lugares que se dedicam a receber trabalhos de arte feitos sobre o papel.

“Grande parte das galerias não veem o papel como espaço privilegiado”. A avaliação é de Paulo Rocha, um dos quatro curadores da cAsA – Obras sobre Papel, única galeria de Belo Horizonte – e uma das poucas do Brasil – que promove exclusivamente exposições de arte sobre o papel, sobretudo a gravura. Em 2017 a galeria completou dois anos e vem se consolidando como importante espaço da circulação de obras como gravuras, desenhos, aquarelas e fotografias. “Agora, a gente tem tido uma inserção maior no cenário da arte de Belo Horizonte. As pessoas estão sabendo sobre o espaço e incluindo esse tipo de arte no imaginário”, avalia Rocha.

A galeria tem um acervo de mil obras, sendo 85% de gravuras. Rocha comenta que a quantidade de peças quase quadruplicou desde a abertura da casa, em 2015. Para fazer circular essas peças, a galeria promove uma média de quatro exposições anuais. “Para além do colecionismo, trabalhamos para que essas obras não sejam confinadas. A ideia é abrir essas gavetas e mostrar para o público. A arte é para ser vista, não colecionada. Até mesmo por isso que nossas exposições são sempre gratuitas e abertas ao público”, pontua Rocha, ao destacar a mostra coletiva “Prosaica Humanidade”, que compõe o espaço da galeria atualmente e que pode ser visitada até janeiro. A mostra comporta 37 gravuras de 29 artistas, entre eles Evandro Carlos Jardim, Francisco Goya, Marc Chagall, Oswaldo Goeldi e Renina Katz.

No acervo da cAsA, ainda estão trabalhos de importantes artistas, como Salvador Dalí, Tarsila do Amaral e Picasso. “Nós pensamos sempre na relevância do artista, o que vai além do nosso gosto pessoal. Temos trabalhos de artistas muito importantes, como (Oswaldo) Goeldi e Tarsila (do Amaral)”, avalia Rocha.

História. A cAsA foi inaugurada em 8 de outubro de 2015 por Lucia Palhano. A data foi escolhida porque é a mesma do aniversário de André Palhano, filho de Lucia falecido em 2013, vítima de um acidente automobilístico. André era advogado e gostava de arte contemporânea. Ele era dono de um acervo com várias gravuras e fotografias.

“Mesmo depois que ele faleceu, a Lucia continuou recebendo pacotes com essas obras. Ela também achou uma lista de obras que ele ainda queria ter. A construção da galeria foi uma forma também de ela lidar com o luto”, pontua Rocha.

Como novidade, Rocha destaca que a galeria está se preparando para o lançamento de um catálogo, em 2018, que reúne fotografias de mostras que passaram por suas dependências. “Será nossa terceira publicação. Nós já fizemos outros catálogos, ‘Sombras que Ficam’ e ‘Impressões: Mulheres Artistas no Acervo da Casa’. Nós tomamos gosto pelas publicações, estamos todos apaixonados pela obra de papel”, avalia Rocha. “A publicação também tem textos teóricos. É uma forma de manter a permanência das exposições”, pontua.

Programe-se

A cAsA – Obras sobre Papel (Avenida Brasil, 75, Santa Efigênia) está aberta para visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, e, aos sábados, das 10h às 14h. A entrada é gratuita.

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