FIT-BH

Celebração da diversidade 

“Glory Box” estreia no festival com uma dramaturgia performática dividida em várias esquetes num grande cabaré

Qua, 21/05/14 - 03h00
Irreverente. Peça australiana é uma fusão de cabaré, performance, teatro, circo e promete ser uma celebração da liberdade e da paixão | Foto: PAUL DUNN DIVULGAÇÃO

A programação do Festival Internacional de Teatro oferece hoje duas estreias bastante distintas para o público que deseja ir ao teatro. De um lado, a irreverência dos australianos do “Glory Box” – liderados por sua diretora e diva, Moira Finucane; do outro, a temática introspectiva dos alemães Maxim Gorki Theater e o espetáculo “The So-Called Outside Means Nothing to Me” (a grosso modo: “O Chamado Lado de Fora Não Significa Nada para Mim”).

“Glory Box é sobre liberdade e paixão”, destaca a diretora Moira Finucane, que se apresenta no Music Hall. Com dez anos de trajetória, o espetáculo nasceu em um pequeno show feito por ela na China, “em um bar vanguardista” e fez tanto sucesso que Moira decidiu leva-lo de volta à Austrália. “As pessoas que viram as primeiras versões me disseram que não estavam preparadas para aquilo. E eu respondia, ‘vamos esperar para ver’”, relata a diretora. “Glory Box” terá como palco o Music Hall.

Em cena, o público poderá conferir 18 diferentes esquetes que se apresentam em forma de cabaré. “São várias formas: temos performance, circo, teatro. O espetáculo está sempre em evolução”, destaca Moira. A artista relata que ao longo desses dez anos de carreira, “Glory Box” foi se desdobrando e se abre para outros números. “Existe uma estrutura central de cenas que estão desde sempre no espetáculo, mas há outras que se renovam. Por exemplo, eu estive em Londres e vi uma mulher maravilhosa cantando sem microfone, sem luz e a convidei para o espetáculo”, relata Moira.

“Glory Box” trata de questões ligadas ao gênero que costumam gerar polêmica. Moira, no entanto, crê que o papel desempenhado por seu cabaré não é exatamente o de propor uma discussão, mas é “mais provocativo, não queremos dizer que as pessoas devam se comportar dessa ou daquela maneira. Já fizemos esse espetáculo em vários países, para um público de aproximadamente 250 mil pessoas. São culturas diferentes, mas creio, sinceramente, que se o artista é capaz de cuidar de seu público, ele poderá trazer consigo qualquer temática. E temos feito isso por onde passamos. Esse espetáculo é uma celebração, é um jeito de dizer que podemos ser lindos!”, destaca ela.

A vinda a Belo Horizonte, pela primeira vez, é um estímulo a mais. “Venha nos ver Belo Horizonte, venha nos ver ou vocês vão chorar! É o melhor show da face da Terra!”, brinca a artista.

Introspecção. Todo o lado irreverente e performático do “Glory Box” vai na contramão de outro destaque da programação, o espetáculo “The So-Called Outside Means Nothing to Me”, que se apresenta no Teatro Francisco Nunes. Com texto de Sibylle Berg, a trama conta a história de mulheres envoltas em seus cotidianos e seus problemas particulares, que são refletidos em outras tantas mulheres: o louco e desgastante culto ao corpo, as compras exageradas, bebedeiras noturnas etc. A narrativa abrasiva de várias mulheres e varias facetas femininas busca questionar o lugar delas no mundo e como elas querem viver suas vidas.

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“Adormecidos” é uma nota dissonante na trajetória do grupo Satyros, de São Paulo, marcada pela subversão performática. A encenação dirigida por Rodolfo Vásquez mantém-se à sombra da peça do norueguês Jon Fosse, autor inventivo na estruturação de diálogos cotidianos reordenados em formas complexas pelo tratamento temporal. Neste trabalho, mais que o amor, o tempo paira como grande tema e age sobre o espaço imutável de um apartamento de modo a embaralhar ou sobrepor diferentes momentos da vida de dois casais, díspares em suas dúvidas ou certezas sobre constituir uma família, mas ambos condenados ao fim (a morte inalienável). A construção de sentidos é da ordem do simbólico, e o espelhamento dos casais, reforçado pelo cenário.

Elemento externo, o filho, situado próximo à plateia, não chega a fazer a ponte com esta nem a distinguir o onírico do real. Limitações de atuação dificultam que se instaurem as dimensões

emocionais evocadas pelo texto. E uma orquestração mais acurada dos ritmos e tempos falta para transformar redundâncias em refrãos e sustentar a musicalidade da estrutura textual. (Luciana Romagnoli)

Cabaré Bar

Além de “Glory Box” o público poderá desfrutar do Bar antes e depois de cada apresentação do espetáculo, no Music Hall. A cada noite, um novo DJ é convidado.

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