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Para a coreógrafa alemã Pina Bausch (1940-2009) é preciso dançar, “senão estamos perdidos”. As companhias de dança do Sesc e de Mário Nascimento compreenderam que para não se perder é preciso companhia, e não apenas no sentido institucional, mas, principalmente, de comunhão. Nesta quinta-feira (20), as duas sobem juntas ao palco pela primeira vez. A ideia começou a germinar quando, em 2016, Nascimento criou a coreografia “O Eu do qual Somos Parte” especialmente para os bailarinos do Sesc. Para realizar a nova apresentação, o espetáculo recebeu adaptações.
“Ajustamos elenco, cenas, criamos coisas novas. Foi uma remontagem coletiva nascida de um ambiente de troca muito proveitoso e harmônico”, salienta Priscila Fiorini, coordenadora artística da Cia. Sesc. Ao todo, serão 12 bailarinos em cena, seis de cada grupo de dança. Priscila faz questão de ressaltar que todo o processo aconteceu de forma conjunta, incluindo os ensaios realizados no mesmo período.
“A gente organizou um cronograma de trabalho e fomos para o mesmo espaço refletir juntos, não foi aquela coisa de cada um propor uma ideia e depois juntar tudo”, confirma. No bojo dessa intenção, uma palavra que se repete na boca da entrevistada: “compartilhamento”. “É esse o nosso elo. Para os dias atuais, consolidamos uma outra forma de realizar apresentações. Unindo forças, partilhando e criando parcerias a gente consegue multiplicar o fazer artístico, proporcionar novas experiências e permanecer no cenário cultural”, avalia.
O próprio espetáculo vai ao encontro dessa tese. “Dentro de um universo urbano, ele traz essa questão da identidade do ser humano, que, apesar de viver em sociedade, passa por encontros diferentes ao longo da existência. O todo depende de cada um, que pode contribuir tanto individual quanto coletivamente”, afiança a coordenadora.
Solos
Além da apresentação conjunta, a noite vai oferecer ao público outros dois números. “Coupe de Grâce”, da Cia. Sesc de Dança, é um dueto inspirado na tradução para a expressão francesa que lhe dá título, ou seja, “tiro de misericórdia”. Já “O Vestido” traz um solo de Rosa Antuña, bailarina da Cia. Mário Nascimento, em que as referências passeiam por caminhos literários e cinematográficos, exemplificados com o escritor britânico Lewis Carroll (1832-1898), célebre autor de “Alice no País das Maravilhas” (1865), e o cineasta paquistanês Shekhar Kapur, diretor do premiado drama biográfico “Elizabeth” (1998), estrelado pela australiana Cate Blanchett.
“A ideia é que, depois do trabalho integrado, as pessoas possam assistir aos espetáculos solos e tenham a oportunidade de compreender um pouco a identidade de cada uma das companhias”, sustenta Priscila. Comemorando cinco anos de fundação, a Cia. Sesc acumula no currículo montagens que vão da dança clássica à contemporânea. “Valsa das Flores”, “O Quebra Nozes”, “Dom Quixote”, “A Bela Adormecida”, “Trilhante”, “Reminiscência” e “Entropia” foram alguns dos encenados. Para completar, a companhia ainda idealizou várias oficinas, cursos e debates.
“A característica forte da Cia. Sesc é a diversidade, justamente por não termos um coreógrafo residente, então cada um com quem trabalhamos carrega junto suas diferentes experiências, o que impacta no tema que vamos produzir”, afirma Priscila. Por outro lado, ela vê na singularidade a grande marca da Cia. Mário Nascimento. Criada em São Paulo em conjunto com o compositor Fábio Cardia, a companhia se mudou para Belo Horizonte em 2002, e atualmente contabiliza 20 anos de experiência com espetáculos apresentados dentro e fora do país.
“O único coreógrafo da companhia é o próprio Mário Nascimento, e ele possui uma linguagem artística que é muito específica, ao desenvolver a dança contemporânea com conceitos vindos das artes marciais”, finaliza Priscila.
Agenda
O quê
Encontro da Cia. Sesc de Dança e Cia. Mário Nascimento.
Quando
Quinta (20), às 20h.
Onde
Sesc Palladium (av. Augusto de Lima, 420, centro).
Quanto
R$ 15 (inteira).
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