Representatividade

Conspiração Filmes constrói plataforma de articulação para mulheres

Hysteria, novo núcleo da produtora de audiovisual, promove produção de conteúdos e curadorias com um olhar feminino

Qua, 03/01/18 - 02h00

Não se trata de um dado peculiar do audiovisual, mas desse do campo, algumas iniciativas realizadas por mulheres têm buscado enfrentar uma realidade que vivem profissionalmente e impacta a representação feminina.

É o caso da Hysteria, novo núcleo de conteúdo da produtora de audiovisual independente Conspiração Filmes, que busca por meio de uma rede de mulheres contribuir para modificar dados como os apresentados pela Free The Bid que, no ano passado, mostrou os resultados da pesquisa que revela que apenas 13% dos diretores do mercado nacional são do sexo feminino.

Diante desse mercado, a Hysteria nasce como uma plataforma de produção de conteúdo e curadoria feitos por mulheres, com o propósito de abrir um espaço para narrativas contemporâneas que têm o olhar feminino na concepção e na realização dos projetos.

“A ideia é aumentar a representatividade da mulher num mercado masculino como é o audiovisual, e pretendemos fazer isso, sobretudo articulando uma rede grande de mulheres que querem expressar suas vozes dentro desse processo de ressignificação que estamos vivendo”, comenta Isabel de Luca, diretora editorial da Hysteria.

“Estamos vivendo uma primavera feminista. As mulheres estão em um movimento interessante por uma defesa de seus direitos. E, mesmo diante desse movimento, ainda assim é cristalina a falta de identificação das mulheres com os conteúdos publicitários que ainda trabalham com os estereótipos femininos mais antigos. E essa é uma oportunidade interessante para mudarmos isso, porque existe uma demanda para transformar essa representação”, completa.

A Hysteria se concretiza, inicialmente, por um site (www.hysteria.etc.br) que traz conteúdo audiovisual, textos e também podcasts e playlists. Tudo feito, criado e organizado por mulheres. Entre as iniciativas que o site abarca está a série online intitulada “Curta Mulheres”, que tem curadoria de Isabela Mota e a cada semana lança um curta dirigido por uma mulher.

Mas o site é apenas um catalisador da rede de mulheres. O núcleo pretende também atuar em diversas frentes, extrapolando inclusive o campo do audiovisual. “Nós queremos fazer tudo. Televisão, cinema, publicidade, eventos, festival de música, produção de conteúdo para marcas. Acreditamos que isso é também um negócio porque estamos vendo as marcas produzindo conteúdos como um tiro no pé. Podemos fazer conteúdos com que as mulheres se identifiquem e estejam interessadas em ver. É uma guerrilha, mas é também um negócio”, pontua Isabel.

Outro cartão de visita do núcleo está prestes a ser lançado. É a série “Desnude”, uma produção erótica realizada em parceria com a GNT. “A ideia partiu de uma pesquisa que fizemos quando estávamos estudando a criação da Hysteria e identificamos alguns temas de interesse das mulheres. Um deles foi a sexualidade feminina porque é difícil ver conteúdos sobre o tema a partir do ponto de vista da mulher. A partir disso, fizemos uma série baseada em depoimentos reais, que falam das fantasias das mulheres”, conta Isabel.

Dirigida por Carolina Jabor e Anne Guimarães, “Desnude” é uma série de ficção baseada em depoimentos reais e está prevista para ser lançada ainda no primeiro semestre do ano.

Hino

A cantora Letícia Novaes, a Letrux, compôs a canção “Hysteria” especialmente para o núcleo de mulheres da Conspiração Filmes. Com humor, a música, que já recebeu um clipe dirigido a quatro mãos por Carolina Jabor e Isabel Nascimento Silva, é um manifesto feminista cantado em inglês e português. Veja o clipe no site www.hysteria.etc.br

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