Fomento

Demandas artísticas no foco 

Em ano de crise, Itaú Cultural abre inscrições para o edital do programa Rumos e aumenta os recursos da iniciativa

Ter, 01/09/15 - 03h00
Verba. Durante coletiva do programa Rumos, organização anunciou aumento dos recursos | Foto: Photographer: Ivson

São Paulo. A abertura da 17ª edição do Rumos Itaú Cultural traz à mente a lembrança do espetáculo “A Projetista”, de Dudude Herrmann. Como uma espécie de manifesto, a peça ironiza uma nova atribuição dada aos artistas: a de “fazedores” de projetos que atendam às demandas do mercado e editais de incentivo. Apontando para uma forma diferenciada de promover a viabilização de propostas artísticas, o novo edital do Rumos mantém as reformulações que foram feitas na edição anterior, a fim de desburocratizar a participação no programa, e apresenta algumas alterações. As inscrições se estendem até 6 de novembro e podem ser feitas pelo www.rumositaucultural.com.br.

A base dos conceitos do edital está na busca por ouvir as demandas artísticas, evitando práticas que se tornaram viciosas em iniciativas do poder público, como as leis de incentivo, e também privadas. “A ideia não é que o artista encaixe sua proposta dentro do que se espera dele. Ao contrário. Queremos saber o que a cena quer de nós”, comenta Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural.

Dentro dessa proposta, o Rumos criou um modelo mais aberto para que os artistas possam apresentar seus trabalhos. A desburocratização e a maior liberdade fizeram com que o programa saltasse de um universo de 2.600 inscrições para 15 mil, ultrapassando a Lei Rouanet, que fica na média de dez mil propostas por ano, como apontou Eduardo.

Dentro das mudanças da edição 2015-2016, está a redução das modalidades das propostas, que saíram de 11 categorias para três, sendo elas: criação e desenvolvimento, documentação e pesquisa. Para aprimorar as análises das propostas, 30 avaliadores, cujos nomes são mantidos em sigilo, irão ranquear os projetos inscritos, antes de eles serem encaminhados para a comissão de seleção.

Outra mudança é a eliminação do teto orçamentário das propostas, estipulado em R$ 400 mil. “Isso tornava os orçamentos superficiais, que se espremiam para caber dentro deste valor ou que se estendiam sem necessidade”, explica o diretor da instituição. Ainda sobre os recursos, a verba da nova edição do edital salta de R$ 13,9 milhões para R$ 15 milhões.

Desafios. Apesar dos aperfeiçoamentos, a concentração de selecionados no eixo Rio-São Paulo ainda é um desafio a ser superado pelo programa. Sem a obrigatoriedade de selecionar projetos a partir da localidade do proponente, o resultado da seleção acompanhou a proporcionalidade no número de inscritos. Entre os 101 projetos selecionados na edição anterior, 30 são paulistas e 18, cariocas, ficando Minas Gerais em terceiro lugar, com sete projetos selecionados. Oito Estados não foram contemplados pelo edital. “Essa é uma questão que a gente responde com algumas tentativas, como a formação de uma comissão nacional, que é uma forma de colocar luz no aspecto geográfico, e também com a viagem das caravanas da equipe do Rumos a todas as capitais e alguns municípios. Essa é uma forma de aumentar a capilaridade do programa e potencializar novos inscritos”, explica Eduardo.

A jornalista viajou a convite do Itaú Cultural.

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