“Velho Chico”

Despedida com homenagens 

Trama das nove da Globo termina hoje e desfecho deve contar com tributos a Domingos Montagner e Umberto Magnani

Sex, 30/09/16 - 03h00

SÃO PAULO. A novela “Velho Chico” (Globo) chega nesta sexta-feira (30) ao fim. A trama das nove enfrentou altos e baixos ao longo de sua trajetória e termina prometendo muita emoção, mas poucas surpresas em sua história. A morte de dois atores – Domingos Montagner e Umberto Magnani – deve ser lembrada no desfecho, que reserva redenções, mortes, casamentos e, claro, homenagens.

Para terminar a novela sem Domingos Montagner, a direção colocou os atores contracenando com a câmera, como se o espectador observasse tudo pelo ponto de vista de Santo. E no último capítulo, Tereza (Camila Pitanga) vai se casar com o amor de sua vida e ajudará o filho, Miguel (Gabriel Leone), a cumprir a sua missão nas terras de Grotas.

Já casados e longe da aflição de serem irmãos, Olívia (Giullia Buscaio) e Miguel tiram seus sonhos do papel, com filhos e terras produtivas. “A minha torcida era para que a Olívia não sofresse. Imagine a dor dessa menina, com esse amor avassalador que não podia ser vivido”, afirma a atriz Giullia Buscaio, que viveu seu primeiro papel de destaque na televisão. “A Olívia seguirá comigo para o resto da vida. Fazer ‘Velho Chico’ me modificou para sempre”, define a atriz.

Além de finais felizes, alguns personagens terão a sua redenção, como Luzia (Lucy Alves). Depois de ajudar Beatriz (Dira Paes) a se eleger prefeita, ela seguirá um novo caminho. “Luzia passou a vida inteira, de uma forma errônea, tentando estar perto da sogra e das filhas. Causou sofrimento a alguns e mentiu. Depois de um tempo, ela viu que havia forçado a barra. Eu acredito que o recomeço na vida dela só é possível se afastando um pouco daquele lugar e daquelas pessoas. Mas ela não perderá o amor da família por isso”, explica a atriz Lucy Alves.

Já o coronel Afrânio (Antonio Fagundes), que passou os últimos capítulos em conflito e cheio de arrependimentos com a morte do filho Martim (Lee Taylor), terá uma virada. Com o desejo de ser um homem melhor, ele corre atrás de Iolanda (Cristiane Torloni) e denuncia os políticos corruptos da cidade, história que culminará na morte do vilão Carlos Eduardo (Marcelo Serrado).

O rio São Francisco, que batizou a trama e sempre teve papel importante na história, é lembrado pelos atores, que defendem a importância de a novela dar destaque a ele e representar a realidade do país, lembrando que coronéis como Afrânio ainda existem. “Vi na minha infância e, infelizmente, continuo vendo até hoje. Daí a atualidade da trama”, diz Zezita Matos, que interpreta Piedade. “O que mais gostei dessa personagem é que pessoas de todas as classes sociais tiveram ou têm uma mãe ou uma avó parecida com ela. A inspiração vem da minha convivência com as mulheres do meu país, em particular as paraibanas, que lutam por uma vida digna numa sociedade contraditória”.

Apesar de ter sido muito elogiada por suas cenas repletas de belezas naturais, a trama não foi sucesso de audiência. Até a semana passada, a média de audiência de “Velho Chico” foi de 28,3 pontos (cada ponto equivale a 69 mil domicílios na Grande São Paulo). As antecessoras também não conquistaram o público do horário: “A Regra do Jogo” teve média de 26,9 e “Babilônia”, de 25 pontos no mesmo período.

Trama artística. “Velho Chico” (Globo) apostou em diálogos longos sobre o coronelismo e a defesa do ambiente, além de cenas estonteantes que retratavam paisagens à beira do rio São Francisco. Se a média de audiência não chegou aos 30 pontos, ainda assim a trama agradou à crítica. “Foi uma novela artística. Talvez a trama não tenha sido tão massiva, mas agradou. Teve acabamento e profundidade. Souberam tratar muito bem todos os mistérios e as dificuldades que envolvem o rio São Francisco. Nos fez pensar mais no futuro das nossas reservas naturais”, analisa Elmo Francfort, diretor do Museu da Televisão Brasileira. “Infelizmente, termina com essa tragédia com Domingos Montagner. Mas isso só torna a trama ainda mais inesquecível”, completa.

O especialista também aprovou as cenas da última semana. “Se ainda há alguém dizendo que televisão não tem mais sensibilidade, está completamente enganado. As cenas foram de um bom gosto e uma delicadeza enormes”.

Concorda com ele Julio Cesar Fernandes, mestre em TV e professor da faculdade Cásper Líbero. “Uma novela é considerada um clássico não somente pelos pontos de audiência que ela conquista, mas também pelo cuidado estético empregado. A direção de arte, a abordagem do assunto ambiente em meio a um enredo bem amarrado, as locações e o elenco afinado são alguns dos pontos que fazem de ‘Velho Chico’ um marco na teledramaturgia brasileira”, define. E completa: “Benedito Ruy Barbosa, autor de ‘Pantanal’ (1990), ‘O Rei do Gado’ (1996) e ‘Terra Nostra’ (1999), emplacou mais um sucesso”.

Alguns finais

FOTO: Globo / Divulgação
Fim musical. Cícero (Marcos Palmeira) vai acabar tocando sanfona em parceria com a mulher, por quem é apaixonado, Dalva (Marienne de Castro)
FOTO: Globo / Divulgação
Força feminina. Beatriz (Dira Paes) vira prefeita de Grotas do São Francisco e tem um filho com Bento (Irandhir Santos), que se chamará Martim
FOTO: Globo / Divulgação
Reconciliação. Afrânio (Antonio Fagundes) quase desapareceu no rio São Francisco, mas vai atrás de Iolanda (Cristiane Torloni), que o deixou
FOTO: Globo / Divulgação
Punição. Carlos Eduardo (Marcelo Serrado) acabará morto. Fugindo da Polícia Federal, ele acaba no meio da caatinga, onde morre de sede, cercado por urubus
FOTO: Globo / Divulgação
Filhos. Miguel (Gabriel Leone) e Olívia (Giullia Buscacio) terão gêmeos e serão referência na produção de alimentos orgânicos

 

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