Intercâmbio

Diálogo da nova seara musical

Artistas mineiros e de fora se apresentam neste sábado (22) na quinta edição do Palco Ultra Festival

Sex, 21/09/18 - 03h00
Elogios. Baiano Giovani Cidreira é um confesso admirador do cenário musical de Minas Gerais | Foto: Patrícia Martins/divulgação

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Desde que Fernando Brant, Márcio Borges e Lô Borges decretaram, por meio de uma “carta” direcionada aos Beatles intitulada “Para Lennon e McCartney” no fim dos anos 60, que a música mineira estava no mapa, o Estado passou a procriar uma gama de artistas icônicos e que, mesmo pertencentes a distintas gerações, tinham uma característica em comum: estabelecer diálogos com o cancioneiro de outras praças.

Milton Nascimento (eterno cidadão de Três Pontas) foi um dos primeiros embaixadores a carregar consigo essa missão, não importando qual estilo musical viria a incorporar, se MPB, em uma aliança forjada com o carioca Chico Buarque em “O Que Será?”, em 1976, ou heavy metal, numa inusitada parceria junto aos paulistas do Angra em “Late Redemption”, em 2004. Skank – tendo o paulistano Nando Reis como par – e Sepultura – criando laços com o baiano Carlinhos Brown – faziam jus à tradição, assim como outros expoentes dessas terras.

E é nessa toada que acontece neste sábado (22), a partir das 12h, na praça da Assembleia, a quinta edição do Palco Ultra Festival, promovendo um encontro entre representantes mineiros e de vários cantos do país da nova seara musical.

Entre os nomes mineiros estão o rapper Djonga – que já dividiu palco com artistas como Karol Conka, Mano Brown e Criolo –, Luan Nobat, Sara Não Tem Nome, Marcelo Veronez e a banda Moons. Já os “forasteiros” dão o ar da graça com o grupo brasileiro/mexicano Francisco, El Hombre e os baianos Maglore e Giovani Cidreira – esse último, um confesso admirador da música das Gerais.

“Quando eu tinha 14 anos ganhei uma vitrola, e um dos primeiros discos que comprei foi o ‘Clube da Esquina’ (Milton Nascimento e Lô Borges); logo depois, o ‘Milagre dos Peixes Ao Vivo’ (Milton Nascimento). Esses discos mudaram completamente meu jeito de fazer música. Eu não sabia que era possível usar a voz daquele jeito. Mudei minha escrita; as letras de Marcio Borges, Fernando Brant e Ronaldo Bastos me levaram a pensar mais em imagens e falar mais da sensação das coisas”, ressalta Cidreira, que tece elogios também para a atual cena de Minas. “Sempre estive de olho no Luiz Gabriel (Graveola), um dos melhores compositores de hoje. Tenho sorte de agora ele ser meu ‘bro’”, completa o autor de “Japanese Food” (2017).

O festival ainda homenageará o produtor e embaixador do selo Under Discos Carlos Eduardo Miranda, falecido em março deste ano. “Ele tinha um jeito muito dele, de falar e entender, muito sincero, mas muito carinhoso. A homenagem é uma forma de mostrar que o modo dele de levar a nova cena, de colocar novos artistas na rua, vai estar sempre com a gente”, explica o idealizador do festival, Barral Lima.

Serviço. Palco Ultra Festival, com Djonga, Francisco, El Hombre, Maglore, Giovani Cidreira, Luan Nobat, Marcelo Veronez, Sara Não Tem Nome e Moons; discotecagem de DJ Aída Lage, sábado (22), a partir de 12h, na praça da Assembleia (praça Carlos Chagas, s/n, Santo Agostinho). Gratuito

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