Música

Dona Jandira traz samba com jeitinho de avó

Cantora se apresenta nesta sexta-feira (1) no teatro Francisco Nunes, interpretando clássicos da música brasileira de compositores imortais

Qui, 31/07/14 - 03h00
Cantora comemora 10 anos de carreira com clássicos da MPB | Foto: dona jandira / acervo pessoal
“O orgulho do artista é mostrar seu boletim”, diz o compositor Cléver Bambu na canção que escreveu inspirado em Dona Jandira, cantora destacada entre as grandes revelações da música de Minas Gerais dos últimos tempos.
 
Ela se apresenta nesta sexta-feira (1) no teatro Francisco Nunes, interpretando clássicos da música brasileira de compositores imortais, como Ataulfo Alves, Ary Barroso e Lupicinio Rodrigues, e canções contemporâneas escritas para ela, como “Boletim de Artista”, que abre esta reportagem.

Aos 75 de idade, o orgulho da senhora são seus 10 anos de carreira, que celebra com a jovialidade que encontra em seu público – segundo ela, formado na maioria por pessoas de até 30 anos, que carinhosamente a tratam por “vó”. E, se “na vida conheci de tudo um pouco”, como canta na composição do parceiro Bambu, foi no palco que ela se encontrou, definitivamente.

Não que ela tenha procurado a carreira artística: filha de professora de piano e acordeon e vinda de uma família do meio em Alagoas, ela nunca imaginou segui-la profissionalmente. “Fui muito tolhida quando mocinha, não tinha liberdade nenhuma. Imagine, sou de 1938 e existia naquela época um preconceito muito grande”, explica. 

Ainda que profissionalmente seguisse por outros caminhos (a área escolhida foi a pedagogia), só aos 66 anos foi descoberta pelo músico e produtor José Dias. Em parceria com a Girassol Produções, de Marisa Toledo, hoje Dona Jandira já se apresentou em mais de 300 palcos pelo país afora. 

“Ter me tornado profissional foi a maior surpresa da minha vida, e é muito gratificante. Comecei porque fui tirar uma licença na Ordem dos Músicos para gerir um coral infantil, de um trabalho social que estava à frente. Fiz um teste lá, gostaram de mim e aqui estou”, diz ela.

Sobre a receptividade do público, ela diz que também não esperava tamanho carinho. “Sei que estou fora dos padrões da mídia e do mercado, comecei a carreira muito tarde. Graças a Deus, só encontrei quem me apoiasse. Por onde vou, sou recebida com boas energias que me alimentam, me fazem seguir em frente”, conta, emocionada. 

Nos dez anos de contato intenso com o mundo da música, compositores, parceiros e fãs, Dona Jandira afirma que se considera parte de uma grande família composta por artistas. “Aprendi muito mais do que imaginava. Mas o melhor que encontrei nesse mercado foi mesmo o carinho das pessoas. É um prazer muito grande estar com elas”, diz. 

Trabalho social. Em janeiro de 2013, ela inaugurou em Ouro Branco o Espaço Multicultural Dona Jandira, onde atividades socioeducativas são realizadas pela comunidade. Conforme a agenda permite, ela volta ao espaço para se apresentar. No fim do ano passado, uma das atividades foi o I Encontro de Compositores, que selecionou 20 novos talentos que já circularam com ela em palcos da capital, como no Conservatório UFMG. Na continuidade do projeto, a próxima fase, segundo Dona Jandira, é reuni-los em um CD acústico, ainda sem data de lançamento. 

Feliz pelo próprio trabalho, Dona Jandira só tem motivos para celebrar. Como diz a música de Bambu para ela: “Foi tão difícil, mas posso dizer: venci”.

Agenda
 
O quê. Show de Dona Jandira
Quando. Dia 1º de agosto, às 21h
Onde. Teatro Francisco Nunes (Parque Municipal, av. Afonso Pena, s/n, Centro)
Quanto. R$40

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