Música

Entre o erudito e o popular  

Cantor e compositor Lenine apresenta-se pela segunda vez com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, amanhã

Sáb, 01/11/14 - 03h00
Aspecto. Canções com o “Paciência” e “Jack Sou Brasileiro”, de Lenine, ganham roupagem erudita na apresentação com a OSMG | Foto: Daryan Dornelles / divulgação

As notas das canções populares do cantor e compositor Lenine não só estão acostumadas com a visita de parentes mais eruditas como cada vez mais harmonizam-se melhor com elas. Essa, ao menos, é a opinião do artista que, depois de se apresentar com a Orquestra Nacional de Île, da França, a Orquestra Sinfônica Brasileira e a Orquestra Sinfônica do Recife, para citar algumas, faz seu segundo show com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG) amanhã, no Grande Teatro do Palácio das Artes.

Os encontros com as orquestras são sempre diferentes. O lugar da apresentação e as características de cada uma delas resulta em relevos e sotaques musicais distintos. Mas, em geral, é uma experiência que não precisa de adjetivos, e a prova disso que é venho repetindo esse formato esporadicamente já faz algum tempo. Além disso, a sensação desse concretismo coletivo é muito bom”, observa Lenine.

Prova do gosto do artista pelo formato é a parceria com a OSMG, que se repete depois da primeira apresentação ter acontecido em setembro deste ano, no Inhotim. “Tinha muita gente no dia, e acho que a junção entre o museu, o espaço botânico e a música tornou a apresentação ainda mais bela”, conta.

Assim como no museu de Brumadinho, a apresentação de amanhã tem repertório de 14 canções assinadas por Lenine, como “Jack Soul Brasileiro”, “Tudo Por Acaso”, “Chão” e “Lavadeira do Rio”.

Seu sucesso maior, “Paciência”, também faz parte do programa. Ao contrário de muitos músicos de renome, Lenine mantém a canção em praticamente todos os seus shows, justamente por saber que agrada o público. “Tenho toda paciência do mundo para tocar ‘Paciência’”, brinca o compositor, ao repetir a frase que utilizou em um programete exibido pelo Multishow. “Não acho que ela represente todo o meu trabalho, mas com certeza é a que teve uma exposição maior. No final das contas, eu trato todas as minhas músicas como filhos e, apesar de todos serem queridos, alguns acabam se destacando mais que outros”, compara.

Para escolher as músicas para se apresentar com as orquestras, porém, Lenine não leva em consideração apenas a repercussão delas. Pelo contrário: o cantor, que desde criança tem contato com a música erudita (“lá em casa ouvir música era igual religião e ia desde Orlando Silva a Chopin”), descreve um cuidado constante para escolher o repertório, baseado, principalmente, na proximidade entre suas canções e o universo erudito. No caso de sua apresentação com a sinfônica mineira, a relação de proximidade aumentou. “Estamos fazendo alguns testes de arranjos em algumas músicas para torná-las mais adaptadas ao show. É um certo tipo de aprofundamento que só é possível por estarmos nos apresentando juntos pela segunda vez”, diz.

A localização do palco, prevê Lenine, tornará o show diferente. “Ao sair do ar livre e adentramos para um teatro indoor temos a chance de aprimorar no refinamento devido à atenção que se consegue do público”, conta.

Fronteiras. Natural de Recife, com 31 anos de trajetória e com músicas gravadas por diversos ícones da música brasileira, como Elba Ramalho, Maria Bethânia, Milton Nascimento, Gilberto Gil, o cantor acredita que sua música absorve bem estilos diferentes e, assim, constitui-se de uma miscelânea de influências, o que torna a ligação com outras áreas fluente. “Tenho um gosto amplo por todo tipo de música e acho que por isso trabalho com o que há de mais sedimentado na raiz musical brasileira a até o pop e o rock. Acho que resultado é essa música esponja que faço”, diz.

Agenda

O quê. Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e Lenine

Quando. Amanhã, às 19h

Onde. Grande Teatro do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro)

Quanto. R$ 80 (inteira)

Prêmios

Apesar de ser reconhecido, principalmente, por “Paciência”, Lenine tem uma trajetória bem-sucedida comprovada, entre outros fatores, por seus prêmios. Os principais são: cinco prêmios Grammy Latino, dois APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e nove Prêmios da Música Brasileira.

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