Artes Cênicas

Estreia 'Zoom', da Miúda Cia, sob direção de Ricardo Alves Jr

Em cartaz na Funarte, espetáculo de estreia do coletivo de atores formados pelo Cefart une teatro e cinema para falar do fim do mundo

Sex, 23/08/19 - 03h00
Marina Tadeu no espetáculo 'Zoom' | Foto: Ricardo Alves Jr/Divulgação

É a última noite. E não só a minha ou a sua última noite. Quando terminar, ela levará embora o mundo. No palco, os personagens participam de um grande evento, uma festa do apocalipse. Uns estão melancólicos, outros, eufóricos.

A ansiedade atinge a todos e chega à plateia em forma de “closes”, que apresentam os sentimentos de nove personagens. Essa é a premissa de “Zoom”, primeiro espetáculo dos artistas do coletivo Miúda Cia. como profissionais. 

Para essa estreia, na Funarte, o grupo ousa não só na temática, mas também na forma, misturando teatro com cinema sob a direção de Ricardo Alves Jr. O cineasta e diretor teatral tem a missão de orquestrar esse tal “zoom” em cena, revelando no telão detalhes e ângulos distintos das expressões e ações de cada um dos personagens, uma vez que a câmera está em cena, e os atores, nem sempre.

“Não queríamos fazer a projeção só pela projeção”, explica a roteirista Vanessa Machado. “Há momentos em que o público vai ver os atores somente pela tela, pois a ação vai acontecer fora do palco. O espectador tem essa experiência como se estivesse mesmo em um cinema”, afirma. 

A direção de Ricardo Alves Jr, habituado com experimentações de união dos universos do cinema e do teatro, foi um desejo realizado pela Miúda, coletivo que nasceu no Centro de Formação Artística do Palácio das Artes (Cefart). “Depois de rodar com os dois espetáculos que fizemos no Cefart (“Máquina’ e “19h45”), voltamos já pensando na primeira peça fora da escola. Colocamos os nomes de diretores com quem gostaríamos de trabalhar no papel, e o nome do Ricardo era um dos únicos que aparecia nas listas de todos os atores”, afirma. 

Histórias

No palco, o espetáculo foca personagens que não têm nomes, profissões, famílias ou identificação de gênero. “São pessoas comuns, pois o texto trata muito do cotidiano. Elas contam coisas da vida em diálogos às vezes rasos, às vezes, profundos”, diz Vanessa. Durante o “zoom”, cada personagem diz coisas que viveu e como se sente no apocalipse. 

“Há desespero, há quem goste. Não tem uma história com começo, meio e fim”, comenta a dramaturga. No fim, o espectador se prende na sensação do personagem e não na decodificação dele. 

O texto foi construído por Vanessa a partir de encontros de improvisações nos quais surgiu esse tema do fim do mundo, que pode significar também um recomeço. Sem verba de leis de incentivo, a companhia bancou toda a produção do espetáculo. “Nós temos estratégias para captação, como oficinas e até venda de doces, como fizemos nas cidades em que rodamos com os espetáculos anteriores”, conta Vanessa. “Arrumamos meios de repor o caixa porque, com a vontade de fazer e a urgência desse querer, não dá para esperar editais, ainda mais nos tempos atuais”, finaliza.

Serviço: “Zoom”, da Miúda Cia., de 24 a 15 de setembro, de sexta a domingo, às 20h, na Funarte (Rua Januária, 68, centro). Ingressos: R$ 15 (meia) e R$ 30. 

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