Abuso sexual

Filha de Woody Allen aponta 'cúmplices'

O cineasta, por sua vez, volta a rebater acusações de Dylan Farrow alegando que investigações já provaram sua inocência

Sex, 19/01/18 - 02h00
Dylan Farrow acusa o pai de abuso | Foto: Neilson Barnard / AFP

NOVA YORK, EUA. Dylan Farrow, a filha adotiva de Woody Allen, quer que celebridades que trabalharam com o pai reconheçam ser cúmplices dele no caso de abuso sexual que ela diz ter sofrido quando era criança. “Não tenho raiva deles. Espero que, como tantos deles têm defendido os movimentos #MeToo e Time’s Up, que eles reconheçam sua cumplicidade e se responsabilizem por perpetuar essa cultura do silêncio em sua indústria”, disse Dylan, na segunda parte de uma entrevista à CBS, que foi ao ar ontem.

Nas últimas semanas, uma série de atores vem lamentando e pedindo desculpas por terem participado de filmes de Allen, entre eles Rebecca Hall e Timothée Chalamet, de “A Rainy Day in New York”, próximo longa do cineasta, que deve estrear neste ano. Outros, no entanto, saíram em defesa do diretor. Alec Baldwin disse que o “repúdio” a Woody Allen e seu trabalho é “triste e injusto”.

Em sua primeira manifestação depois da exibição da entrevista de Dylan, o cineasta negou mais uma vez que a tenha molestado. Ele acusa a família Farrow de se “aproveitar cinicamente do movimento Time’s Up para relançar acusações desacreditadas”. Allen também diz que o caso foi investigado por duas entidades independentes que “concluíram que nenhum abuso ocorreu” e que os indícios eram de que “uma criança vulnerável havia sido treinada pela mãe raivosa a contar a história durante uma separação contenciosa”.

“O irmão mais velho de Dylan, Moses, disse que testemunhou a mãe deles fazendo isso, treinando Dylan para que pensasse que seu pai era um perigoso predador sexual”, escreveu Allen. “Parece ter funcionado, e tenho certeza que Dylan acredita mesmo no que está dizendo”, acrescentou.

Separação. As primeiras alegações de que o diretor teria molestado Dylan partiram da mãe dela, a atriz Mia Farrow, há 25 anos, na sequência de sua separação de Allen, que, por sua vez, foi motivada por um relacionamento que ele começou, em 1992, com umas das filhas adotivas do casal, Soon-Yi Previn, que tinha 21 anos na época.

A primeira vez que Dylan detalhou o suposto abuso com suas próprias palavras foi em uma carta aberta publicada em um blog do “New York Times” em 2014. Após essa publicação, Allen negou a acusação e criticou Mia Farrow. O juiz que presidiu a audiência de custódia em 1994 entre Allen e Mia decidiu que as alegações de abuso eram inconclusivas, mas, ao mesmo tempo, criticou o diretor como “autocentrado, indigno e insensível”.

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