Festival

Gentileza como coletivismo

Evento traz para o Circuito da Liberdade programação que busca discutir as formas de se construir a cordialidade

Qua, 26/10/16 - 02h00
Interação. “Before I die”, da artista plástica Candy Chiang, será montada no Festival da Gentileza | Foto: Andy Chang/divulgação

A construção coletiva de uma sociedade mais gentil e de maior interação entre as pessoas e a cidade. É isso que anseia a gestora cultural Patrícia Tavares. Ela, que ama viajar e observar a forma como cada povo vive em sociedade, encontrou em uma rua de Londres, na Inglaterra, a inspiração para pôr em prática seu sonho.

Mineira de Belo Horizonte, Patrícia se deparou na capital inglesa com a obra “Before I Die”, da artista taiwanesa-americana Candy Chang. O painel, que traz a frase “Before I Die, I Want To...” (“antes de morrer, eu quero...”) e já rodou mais de 70 países, “convida” os transeuntes a completarem a frase com seus desejos.

Foi em Londres que Patrícia deixou registrado o desejo de fazer um festival em Belo Horizonte que buscasse debater a construção de uma cidade e de um mundo com mais gentileza.

Passados dois anos, ela, juntamente com o projeto Sustentarte, conseguiu tornar realidade o que deixou escrito no painel de Candy Chang, criando o Festival da Gentileza, que tem sua abertura nesta quarta-feira (26), às 16h, na praça da Liberdade.

“Quando me veio o desejo de realizar o festival, procurei profissionais, psicanalistas e sociólogos para entender as relações humanas. Quanto mais eu ia a fundo, mais percebia o quanto a gentileza melhora as relações. Isso foi me instigando. O Festival da Gentileza nasce do desejo de também instigar as pessoas, propondo uma pausa para que pensem de que forma elas podem construir uma vida com mais gentileza”, explica Patrícia.

A principal atração do primeiro dia do festival é a artista que inspirou a iniciativa. Nesta quarta-feira (26), quem for à praça da Liberdade, às 18h, vai encontrar Candy Chang e seu painel interativo escrito em inglês e português.

“Quando procurei a Candy para conversar, ela também me disse que sua proposta inicial sempre foi pensar o coletivo. Contei para ela a ideia de montar o painel em Belo Horizonte, e ela topou na hora”, conta Patrícia, que, para o festival, privilegiou uma curadoria que oferecesse várias maneiras de praticar a gentileza urbana, em uma programação gratuita que vai até o próximo domingo, dia 30 (confira quadro abaixo com algumas das atrações do evento).

Ações. O projeto Verbogentileza, idealizado por Patrícia, engloba o festival e outras iniciativas – virtuais e reais. Ele leva ação para o substantivo gentileza, como por exemplo: “pensar gentileza”, “distribuir gentileza”, e juntos eles se transformam em ideias.

A iniciativa vai atuar inicialmente em três frentes: através da realização da primeira edição do festival, pelas redes sociais, e por ações pontuais na cidade, buscando engajar pessoas em interações gentis.

“Essas ações gentis possuem a capacidade de emocionar, repercutindo posturas acolhedoras e é por meio delas que vamos trilhar nosso caminho. Essa é a origem do nosso movimento que é simples e verdadeiro. Uma promoção da gentileza via cultura e atitudes coletivas”, explica Patrícia, que ainda completa: “Queremos que o mosquitinho da gentileza pique Belo Horizonte”.

Agenda

O quê. Festival da Gentileza

Quando. Desta quarta-feira (26) à domingo (30)

Onde. Circuito da praça da Liberdade

Quanto. Gratuito

Atração

A artista plástica taiwanesa/americana Candy Chiang tem experiência em planejamento urbano e está interessada na relação entre espaço público e saúde mental, a dinâmica entre a liberdade individual e a coesão social e uma cidade que exponha e promova a complexidade da mente humana.

Depois de lutar contra a depressão, ela canalizou suas perguntas emocionais em seu projeto participativo de arte pública “Before I Die”, que já foi para mais de 2.000 cidades e mais de 70 países.