Evandro Heringer, um dos fundadores da Cia. Circunstância, conta que todo o trabalho desenvolvido pelo grupo é baseado nos palhaços da tradição circense. Com uma trajetória de dez anos, celebrada agora em mostra que integra o projeto Ocupação 3.0 - De Lá pra Cá, a trupe reforça esses laços nos espetáculos encenados até domingo na Funarte-MG.
Enquanto hoje eles apresentam “De Mudança”, amanhã será a vez de “Palhaços À Vista” e para o domingo está reservada a peça “De Mala Às Artes”, que estreou em 2013. Em comum, as três criações são protagonizados por aqueles personagens que habitam os picadeiros.
“Todos esses trabalhos são voltados para a linguagem do palhaço. Esse universo serve como referência para criarmos as nossas piadas e situações cômicas. Geralmente, nós recuperamos alguns números antigos do circo tradicional nas peças, a partir do nosso olhar. Eu costumo dizer que somos palhaços modernos, porque aprendemos sobre essa forma de atuar de maneira diferente daqueles que vieram do ambiente circense”, explica Evandro Heringer.
De acordo com ele, as montagens nascem justamente a partir de soluções dramatúrgicas para a reunião de gags selecionadas pelo elenco.
“Construímos dramaturgias para costurar as cenas que revisitamos ou elaboramos. Não basta colocar apenas os números de maneira aleatória, nós nos preocupamos em ter um enredo que conecta todos os elementos”, acrescenta o ator.
Em “De Mudança”, por exemplo, ele explica que as ações se desenrolam quando uma dupla de palhaços fica responsável por fazer a mudança de uma senhora musicista. “Eles precisam carregar um espelho que ela pede que os dois tenham muito cuidado, além dos instrumentos musicais. Com isso nós fazemos várias brincadeiras”, diz.
Já “Palhaços À Vista”, o mais antigo do grupo, narra a história de um pequeno circo em que um do seus integrantes, após anos de casa, começa a recordar a juventude e as parcerias com outros amigos. “À medida que ele vai lembrando desses passos, o palhaço rejuvenesce e encontra outros que conviviam com ele no passado”, detalha Heringer.
Ele pontua que a peça surgiu de maneira diferente das outras, sendo alinhavada por meio da reação do público às cenas apresentadas pelo grupo há uma década no parque municipal. “Nós fizemos algumas experimentações e selecionamos apenas aquelas que mais funcionaram. A gente se orgulha de dizer que esse trabalho foi dirigido pelas pessoas que nos assistiram”, observa.
“De Mala Às Artes”, por sua vez, se debruça sobre o repertório de casos envolvendo a figura de Pedro Malazarte, que, para Heringer, parece estar um pouco apagada atualmente.
“Nós narramos algumas de suas aventuras por meio da linguagem do palhaço. Pedro Malazarte era muito presente em algumas histórias contadas por nossos avós, mas eu tenho a impressão que isso foi se perdendo e quase não se ouve ninguém falando dele mais. Por isso achamos que seria interessante recuperar as narrativas desse personagem”, acrescenta ele.
Idealizadora do projeto do qual a Cia. Circunstância é convidada, Débora Vieira ressalta a forma como o grupo imprime um novo frescor ao repertório abordado, o tornando atraente para crianças e adultos.
“Eles pesquisam bastante e estão sempre em processo de atualização. Com isso, eu acho que eles conseguem dialogar bem com o público de hoje, tão acostumado, como as crianças, a diversas formas de interação e de lazer”, ressalta Vieira.
Agenda
O quê. Cia Circunstância apresenta espetáculos na Funarte-MG
Quando. sábado, às 16h; e domingo, às 16h
Onde. Funarte-MG (rua Januária, 130, Floresta)
Quanto. R$ 5 e R$ 2,50 (meia)
Saiba mais
O projeto Ocupação 3.0 – De Lá pra Cá, que a Cia. Circunstância agora integra, começou em abril deste ano e se encerra no próximo mês. A iniciativa, centrada no objetivo de receber artistas do interior de Minas Gerais que aqui se apresentam, também tem promovido o encontro dos convidados com atores da capital.
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