“O Lar das Crianças Peculiares”

Longa-metragem traz melhor faceta de Tim Burton

Apesar do clima gótico e meio assustador, o enredo pode ser contado facilmente para garotos pequenos

Qui, 29/09/16 - 03h00
Os meninos de "O Lar das Crianças Peculiares" parecem um mostruário dos tipos estranhos de Burton | Foto: 20TH CENTURYZ/DIVULGAÇÃO

SÃO PAULO. “O Lar das Crianças Peculiares” é o melhor filme de Tim Burton desde “Sweeney Todd” (2007). Além do requinte visual que é sua marca registrada, o diretor norte-americano adapta um livro muito simpático, que proporciona um roteiro engenhoso, sem os lapsos de ação que às vezes caracterizam sua obra. Johnny Depp não participa da produção, e isso, após tantos personagens que Burton criou para ele, acaba sendo benéfico. Os únicos nomes conhecidos no elenco são Eva Green, aos poucos se tornando nova musa do diretor, e Samuel L. Jackson de vilão, canastrão como sempre.

O filme se concentra no herói adolescente Jake, interpretado pelo promissor Asa Butterfield, o garoto de “Hugo” (2011), de Martin Scorsese. O jovem é muito apegado ao avô, que morre em circunstâncias misteriosas. Uma série de pistas leva Jake a uma ilha do País de Gales, onde durante a Segunda Guerra Mundial o avô morou em um orfanato. Chegando lá, ele descobre que o lugar foi bombardeado em 1943 e todas as crianças que viviam ali morreram. Mas este é um filme de Tim Burton, nada é tão simples assim.

Bisbilhotando pelas ruínas do orfanato, Jake encontra uma espécie de fenda temporal que o leva a 1943, quando ele se depara com as crianças peculiares que dão título ao filme. Ele se envolve com elas e sua protetora, a senhora Peregrine, papel de Eva Green. Os meninos parecem um mostruário dos tipos estranhos que Burton adora inserir em sua ficção. Uma menina é tão leve que usa botas com chumbo para não sair flutuando. Uma garota de uns cinco anos, fofinha, é forte o bastante para levantar um carro. Outra coloca fogo em tudo que toca e um garoto é invisível. Dois gêmeos misteriosos ocultam seu poder, que só é revelado numa cena crucial.

Jack e seu avô parecem ser os únicos normais que já passaram pelo lugar. Mas uma ameaça paira sobre o grupo, a possível chegada de seres monstruosos que podem ter relação com a morte do avô de Jake.

Aos poucos, o rapaz vai descobrir que existem orfanatos semelhantes a esse espalhados pelo mundo, cada um com uma protetora como a senhora Peregrine, e todos em perigo. A história ainda rende idas e vindas no tempo e ganha um ritmo de ação alucinante no final. O confronto entre as crianças e os monstros é cheio de boas sacadas.

“O Lar das Crianças Peculiares” só deixa uma dúvida: para qual público esse filme é destinado? Porque o enredo é até simples e pode ser contado facilmente para garotos pequenos. Mas, como Tim Burton não pisa no freio quando compõe seu delírio visual, o clima gótico é às vezes muito assustador e inclui cenas de violência explícita. Depois que o público brasileiro teve um contato com a mente inventiva de Burton, na exposição de seus trabalhos em São Paulo no começo do ano, é bom ver o cineasta de volta à melhor forma.

Mais estreias

Os cinemas de BH ainda recebem “O Bebê de Bridget Jones”, em que a famosa personagem está grávida; o novo de Thomas Vinterberg, “A Comunidade”; a comédia “Gênios do Crime”; o nacional “Um Homem Só”; e a animação “Meu Amigo, o Dragão”

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