Entrevista

‘No ano passado, o aporte de Bernardo foi 10%’

Qui, 07/12/17 - 02h00
Galerias de Inhotim são uma atração à parte aos visitantes | Foto: Lincon ZARBIETTI 20.9.2016

Bernardo Paz durante anos investiu recursos próprios no Inhotim. O afastamento dele da instituição pode trazer algum impacto no orçamento? Não. Esse processo de ampliar a autossuficiência do Inhotim começou lá atrás. Claro que quando Inhotim foi criado, o Bernardo, que foi extraordinário ao erguer aquele espaço mágico, foi quem financiou, comprou as terras, produziu os jardins, adquiriu as obras de arte, tudo isso. E em 2008, já prevendo esse processo de autossuficiência, o Inhotim passou a ser uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) e desde aí, então, com uma estrutura mais profissional de buscas de incentivo, mecanismos de controle interno, trouxe a Ernst Young para fazer auditoria das contas de Inhotim, em 2012. Eu acabei de chegar e li os últimos três relatórios das auditorias da Ernst Young sem ressalvas. Desde aquela época, portanto, procurou-se ampliar essa autossuficiência do Inhotim. Para você ter uma ideia, no início, quando Bernardo criou o espaço, 100% da manutenção de Inhotim vinha de Bernardo e suas empresas. Em 2013, quando estive aqui, isso ainda era algo por volta de 50%. No ano passado, o aporte de Bernardo foi 10%, e este ano, possivelmente, será de menos de 10%. Bernardo se afastou do conselho, mas é uma pessoa que vai estar sempre ligada ao Inhotim. O sonho dele está ali.

A manutenção anual do Inhotim custa algo em torno de R$ 35 milhões. Desse total, 70% vem de recursos oriundos da Lei Rouanet, de acordo com dados divulgados por Antonio Grassi. Para 2018, a previsão é semelhante? Nós estamos, neste momento, como se faz todos os anos, negociando com os patrocinadores o apoio para o próximo ano. Vários já confirmaram a renovação de apoio, e há outros que ainda estão no processo de negociação. Nós esperamos conseguir os apoios necessários, tanto com a permanência dos nossos atuais colaboradores e parceiros quanto também com a possibilidade de ampliação, já que a economia volta a crescer.

Havia a expectativa de construção de novas galerias, como a voltada à obra do artista dinamarquês Olafur Eliasson. Isso continua nos planos? O Inhotim tem um plano de médio prazo, mas, na verdade, nesse caso, não era o Inhotim que estava construindo, não era a Oscip, era o Bernardo que estava erguendo essas galerias. A ideia é que essas galerias venham a ser concretizadas, mas dentro da Oscip nós trabalhamos dependendo das verbas que entram. Nesse caso, o mais importante para gente é assegurar os recursos para manutenção do parque, das obras que já estão lá e dos programas que o Inhotim já executa como o Jovens Agentes Ambientais, a Escola de Cordas, trabalhos feitos com os quilombolas e assim por diante. Temos que assegurar essa manutenção para que o Inhotim continue oferecendo uma experiência de alta qualidade para as pessoas. Obviamente, se houver captação além disso, será contemplada também a ampliação das galerias. A do Olafur já foi iniciada, e, à medida que houver recursos, ela poderá ser concluída.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.