Musicais

Os mitos da MPB e algo mais 

Biografias de músicos dominaram o ano, mas houve espaços também para os grandes clássicos do gênero

Ter, 30/12/14 - 03h00
Na pele. Tacy de Campos surpreendeu ao encarnar a protagonista de “Cássia Eller – o Musical” | Foto: MARCOS HERMES DIVULGAÇÃO

São Paulo. As biografias dominaram o ano de musicais, com espetáculos narrando a vida e a carreira de figuras como Elis Regina, Cássia Eller, Rita Lee e Cazuza. 

Trata-se de uma opção confortável, pois normalmente se apoia em personalidades amadas pelo público – com isso, os fãs não percebem desleixos em figurinos, cenários ou mesmo a escalação de um mediano time secundário.

O que vale é acertar o intérprete do protagonista. Assim, Laila Garin tornou-se inesquecível em “Elis – A Musical”, e o espetáculo primou pela qualidade em outros itens também. Laila ofereceu uma interpretação histórica, verdadeira aula para qualquer ator ou atriz que se aventure nos musicais.

Tacy de Campos também surpreendeu como Cássia Eller e assim como Emilio Dantas na pele de Cazuza. Experimentações também foram bem vindas em 2014.

“Se Eu Fosse Você - O Musical” partiu de uma obra conhecida (os filmes de Daniel Filho) para criar uma nova dramaturgia. De quebra, Daniel Filho, que supervisionou a produção, teve a sacada de rechear o espetáculo com canções de Rita Lee, que se encaixam perfeitamente na trama.

O trunfo da peça, na verdade, esteve nas interpretações de Claudia Netto (perfeita no humor e no vocal) e Nelson Freitas (soube alternar cafajestagem com sutileza na medida certa) e na estreia do coreógrafo Alonso Barros na direção – seu timing para comédia é tão afinado como suas coreografias.

Também surpreendente foi a versão modernizada de “Jesus Cristo Superstar” dirigida por Jorge Takla que, por conta da Copa do Mundo, teve uma curta temporada. Com cenário e figurinos inspirados, o musical manteve a força de sua mensagem humanista, mas sem qualquer ranço hippie dos anos 1970. Destaque para a interpretação e os agudos de Alírio Netto que, como Judas, magnetizou a plateia.

Outro musical da série clássica, “O Homem de La Mancha”, também manteve suas características tradicionais mas embaladas por toques nacionais: o diretor Miguel Falabella foi extremamente feliz ao orientar que os figurinos se inspirassem na obra de Bispo do Rosário que, como Dom Quixote, também era um visionário.

O resultado foi deslumbrante e eficiente. E emocionante foi a interpretação do casal protagonista - Sara Sarres, como Aldonza, brilhou com uma impressionante presença vocal e Cleto Baccic, no papel de Cervantes/Quixote, recheou de humanidade um personagem idealista, por vezes ingênuo.

O ano teve ainda a delicadeza de “Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos”, belo pocket criado por Charles Möeller e Claudio Botelho; o inspirado “O Grande Circo Místico”, com um inesquecível Fernando Eiras à frente; e a garra explosiva de ‘Vingança”, que evidenciou a imortalidade das canções de Lupicínio Rodrigues.

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