Discussão

Para refletir sobre um marco  

1ª Semana de Arte Moderna da Casa Kubitschek começa amanhã com palestras, visitas temáticas e exibição de filme

Seg, 23/02/15 - 03h00
Representante. O escritor Oswald de Andrade foi um dos principais ícones da Semana de Arte Moderna | Foto: arquivo

Construída em 1943 para ser casa de fim de semana de Juscelino Kubitschek – prefeito de Belo Horizonte à época –, a Casa Kubitschek funciona atualmente como museu. Além do mobiliário de seu interior, chama atenção a arquitetura de característica modernista. Esse aspecto guia a curadoria dos eventos realizados local, como a 1ª Semana de Arte Moderna, que começa amanhã e estende-se até o dia 1º de março, com uma programação voltada para reflexão sobre a semana que marcou a renovação das linguagens artísticas no Brasil.

“Estamos próximos dos 93 anos da Semana de 22 e consideramos que seria educativo promover atividades para comemorar a data por meio de atividades que promovessem um debate mais profundo”, comenta o gestor do museu, André Mascarenhas. A promoção dessas ações, como palestras, oficinas, intervenções, exposições e até semanas temáticas são, para o gestor, uma forma de contribuir para formação dos participantes. “Estamos em um espaço para o desenvolvimento do conhecimento, onde estudantes e interessados em geral poderão entender a importância deste movimento para produção artística nacional. Além de conhecer suas influências sociais, políticas e até econômicas”, pontua.

Faz parte da programação a exibição do filme “Macunaíma” (1969), de Joaquim Pedro de Andrade. A história do herói preguiçoso e sem caráter foi escolhida para ilustrar um período que representa influências diretas da semana homenageada. “É uma releitura importante que representa o cinema novo”, diz o gestor.

Um aspecto importante, ressalta Mascarenhas, é englobar nas discussões o papel da capital mineira e do Estado. “Minas Gerais foi forte e teve artistas consistentes nessa época, representando assim a vanguarda”, comenta. A programação completa do evento está disponível no portal www.pbh.gov.br/cultura.

POLÊMICA. Para o doutor em história da arte e responsável pela palestra de abertura da Semana da Arte na Casa Kubitschek, Rodrigo Vivas Andrade, a iniciativa é brilhante também por propiciar a reflexão sobre a real importância do evento e também para desmitificá-lo. “Ela entrou para o calendário como se fosse a única referência de arte moderna brasileira, mas não foi. Isso é falso”, afirma. Belo Horizonte, conta Andrade, foi uma das cidade que também esteve à frente no que diz respeito à instauração de linguagens que rompem com padrões externos. Um exemplo citado por ele é a exposição, sediada em BH em 1920, de Zina Aita.

Há também a semana de 1944, que colocaria a capital mineira no mapa vanguardista se não fosse, segundo Andrade, a falta de divulgação. “Quando Juscelino inaugurou o Complexo da Pampulha ele promoveu uma semana, que na verdade durou três meses, para discutir sobre arte moderna, e convidou artistas de peso, como Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Guignard e outros. Na época, saíram muitas matérias sobre o lançamento aqui, mas atualmente ninguém lembra”, afirma.

Agenda

O quê. I Semana de Arte Moderna da Casa Kubitschek

Quando. De amanhã a 1º/3

Onde. Casa Kubitschek (av. Otacílio Negrão de Lima, 4.188, Pampulha

Quanto. Entrada gratuita

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