Música

Paz selada por César Lacerda

Artista que se apresenta nesta sexta-feira em BH compôs com Jorge Mautner, ‘Minha Mãe’, que refaz a parceria de Bethânia e Gal

Qui, 22/03/18 - 03h00
César Lacerda se diz influenciado por João Gilberto e Caetano Veloso em sua trajetória | Foto: Lorena Dini/Facebook Cesar Lacerda

“Era como se eu fosse uma criança que vai ao cinema pela primeira vez e encontra a luz. Muita luz de uma vez só”. Foi dessa forma que o cantor e compositor mineiro César Lacerda definiu o sentimento ao receber o convite para participar da criação de “Minha Mãe”, música presente no próximo disco de Gal Costa e primeira gravação dela com Maria Bethânia desde 1990.

“Fico profundamente emocionado e envaidecido por estar no meio disso. Gal Costa e Maria Bethânia são as duas cantoras que mais amo e que mais ouvi na vida. O convite veio do Marcus Preto, que fez a direção artística do meu último álbum (“Tudo Tudo Tudo Tudo”) e que também exercerá essa função no novo da Gal. Foi ele que me propôs musicar o poema do (compositor carioca) Jorge Mautner”, completou Lacerda, que se apresenta nesta sexta-feira (23), às 20h, no Cine Theatro Brasil Vallourec, na turnê de seu terceiro e mais recente disco.

Os versos de Mautner foram inspirados nas mães das duas cantoras, Dona Canô (1907-2012) – mãe de Bethânia) – e Mariah Costa Penna (1905-1993) – mãe de Gal.

“O Marcus fez um direcionamento para eu pensar na voz das duas. Então, a melodia que fiz era uma tentativa de alcançar a exuberância das duas vozes. Estou supercurioso para ouvir. Ainda não tive essa oportunidade. Em breve o material fica pronto; no primeiro semestre essa gravação sai. Estou como o restante do Brasil, doido pra ouvir”, disse Lacerda, em meio a risos.

E o ano do músico mineiro não ficará restrito à turnê de seu mais recente álbum e à gravação que “sela a paz” entre Bethânia e Gal.

“Um artista que alimentou toda a minha caminhada é o Caetano Veloso. É a grande estrela da minha constelação. O disco dele ‘Muito (Dentro da Estrela Azulada)’ está completando 40 anos, e no segundo semestre vou fazer um show reinterpretando esse álbum. Também farei shows com Romulo Fróes e na Europa”, relatou Lacerda.


Agenda

O quê. “Tudo Tudo Tudo Tudo”, com César Lacerda

Quando. Nesta sexta-feira (23), às 20h

Onde. Cine Theatro Brasil Vallourec (av. Amazonas, 315, centro)

Quanto. R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia)


Minientrevista

César Lacerda
cantor e compositor

Fale-nos de sua expectativa para o show da noite desta sexta-feira.

Estou superfeliz com esse momento, não só na minha carreira, mas também pelo fato de fazer um show em que apresento canções minhas e de outras pessoas. O fato de ser um show de voz e violão também é especial.

O quanto essa fórmula voz e violão é algo que te seduz?

Mais do que a mim especificamente, acho que é um formato pelo qual o brasileiro tem muito encanto. Artistas diversos fizeram isso em algum momento de suas carreiras, como João Gilberto, Caetano, Tiago Iorc, Maria Gadú, Adriana Calcanhotto etc. Um tipo de show que o público brasileiro gosta. E eu estou namorando esse momento de fazer dessa maneira.

Por que o disco se chama “Tudo Tudo Tudo Tudo”?

A canção que abre o disco (“Isso Também Vai Passar”) tem um verso que diz “tudo acaba, tudo tudo tudo tudo”. Efemérides da vida. Mas, mais do que o fato de ser um verso, tem também a questão de eu querer nesse momento da minha vida derrubar muitas barreiras éticas. E tem a questão do eco poético, a repetição de uma palavra que conta em si a vastidão do mundo. Esse eco é quase uma oração.

O quanto o fato de você ter morado em Minas, Rio e São Paulo, em diferentes estágios de sua vida, influenciou sua música?

Fico com um sensação de que quero morar em muitos lugares, conhecer muita gente. Acho mais legal conhecer do que não conhecer, uma coisa até espiritual. Viver em Diamantina (onde nasceu), BH, Rio e São Paulo foi de fato uma experiência rica.

Cite os cinco discos mais importantes de sua vida.

Falarei seis. “Estrangeiro”, do Caetano, o disco do João Gilberto de 1973, o primeiro do Clube da Esquina, “O Sorriso do Gato de Alice”, da Gal, “Mel”, da Bethânia, e “Mil e Uma Noites de Bagdá”, do Jorge Mautner.

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