Cinema

Política e estética na tela

Mostra vai até dezembro no Sesc Palladium

Qua, 23/10/13 - 03h00

Discussão importante no fazer cinematográfico, a questão da política da imagem (e da imagem política) é ilustrada com precisão na Mostra Cineclube Comum: Políticas do Cinema Moderno, que começa hoje e vai até dezembro no Sesc Palladium.

O evento recupera películas que, entre a segunda metade dos anos 1960 e o início da década seguinte, equilibraram reflexão crítica e experimentação estética. Entre os autores e filmes selecionados estão “As Margaridas” (1966) de Sedmikrasky e Vera Chytilová, e “Não reconciliados ou Onde Reina a Violência, Só a Violência Pode Ajudar” (1966), de Jean-Marie Straub, que abre a mostra hoje. “Propusemos filmes importantes para a cinefilia, obras que, no Brasil, não tiveram recepção à altura que mereciam”, diz Victor Guimarães, curador do evento. “E são obras reconhecidas por pensadores e teóricos do cinema, e por revistas influentes, como a francesa ‘Cahiers du Cinéma’”, acrescenta ele. Mesmo hoje, poucas das obras selecionadas para a mostra estão disponíveis em DVD.

A relação “indissociável”entre estética e política, como defende o pensador francês Jacques Ranciére, é um dos focos centrais da mostra. “Passa por aí”, garante Guimarães. “Esses cineastas nunca fizeram diferença entre estética e política, eram militantes na vida, seguem a máxima de Godard: ‘façam filmes politicamente’. E fizeram trabalhos experimentais no sentido estético, de intervenção na linguagem, juntando as duas coisas”. No momento atual em que vive o país, nada mais precioso que recuperar obras como essas, portanto. “Curiosamente, a mostra já estava fechada em março, antes das manifestações de junho”, diz o curador. “Trazer estes filmes agora é uma coincidência muito boa. O filme de hoje, por exemplo, pode chamar a atenção para debates sobre o vandalismo, a violência do Estado”.

Agenda

O QUÊ. Mostra Cineclube Comum

QUANDO. Hoje, às 20h

ONDE. Cine Sesc Palladium (av. Augusto de Lima, 420, centro)

QUANTO. Entrada franca

 

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