No foco

Presença de Bethânia na tela

Cantora é alvo de considerável produção audiovisual

Ter, 19/06/18 - 03h00

Ver a cantora Maria Bethânia na tela do cinema não é tão raro. Além de inúmeros álbuns e outros registros de shows em DVDs, a artista baiana traz, no currículo, alguns filmes.

Em pelo menos um deles, Bethânia trabalhou como atriz (“Quando o Carnaval Chegar”, de Cacá Diegues). Mas na maior parte das vezes, foi sua persona artística que atraiu os olhares e as câmeras de diretores brasileiros (Julio Bressane, Andrucha Waddington) e até gringos (como o documentarista francês Georges Gachot, em “Música É Perfume”). Confira abaixo a trajetória de Bethânia no cinema:

“Bethânia Bem de Perto: A Propósito de um Show” (1966)

Este média-metragem de pouco mais de 30 minutos dirigida por Júlio Bressane e Eduardo Escorel captura Bethânia recém-chegada ao Rio de Janeiro e já fazendo barulho com sua participação no show “Opinião”. Mostra também a baiana, pós-“Opinião”, em seu primeiro show solo na boate Cangaceiro, também na capital carioca. Longe do mito que se tornou hoje, Bethânia solta a língua em algumas cenas. Revela que está cansada de cantar “Carcará” e que odeia “Barquinho” (de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli).

“Quando o Carnaval Chegar” (1972)

Em seu quarto longa, Cacá Diegues decide falar de uma trupe de artistas sem sucesso que consegue a chance de se apresentar para um rei durante o Carnaval. Como nada dá certo, o grupo passa a apresentar shows mambembes para um público mais humilde. Bethânia divide a cena com Nara Leão (então casada com Cacá) e Chico Buarque. A trilha sonora, composta em sua maioria por Chico e com canções de Assis Valente, é irrepreensível. Mas a atuação do trio é, digamos assim, entre constrangedora e engraçada. A própria Bethânia comentaria, anos depois em uma entrevista, que os três não passavam de canastrões.

“Os Doces Bárbaros” (1976)

O documentário de Jom Tob Azulay pretendia ser apenas um registro do show histórico que reunia os quatro baianos para comemorarem no palco dez anos de sucesso em suas carreiras individuais numa turnê pelo país. Mas o filme ganha contornos dramáticos quando Gilberto Gil e o baterista do grupo são presos em Florianópolis por porte de maconha. E Bethânia não passa incólume. Quase ao final, rouba a cena ao ser entrevistada no camarim e dizer que não se liga em militâncias.

“Música É Perfume” (2005)

Este documentário do francês Georges Gachot flagra Bethânia em grande fase. Gachot conhecera a cantora em 1998, quando a viu pela primeira vez em um show no Festival de Montreux, na Suíça, e decidiu fazer um documentário sobre ela. As filmagens ocorreram durante a gravação do disco “Que Falta Você Me Faz” e a turnê do show “Brasileirinho”. Narrado pela própria Bethânia, o documentário mostra a cantora em estúdio de gravação, na sua casa na Estrada das Canoas, no Rio e, claro, uma ida dela a sua natal Santo Amaro da Purificação.

“Pedrinha de Aruanda” (2006)

Dirigido por Andrucha Waddington, mostra Bethânia na intimidade. É memorável a cena que registra uma roda de violão na casa da família Veloso, em Santo Amaro da Purificação. A matriarca, Dona Canô, única entrevistada, lembra passagens da infância e a inclinação para o canto que Bethânia demonstrou cedo. O lado religioso da cantora é evidenciado quando a equipe acompanha a missa que celebra seu aniversário de 60 anos na igreja de Santo Amaro.

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