Iniciativa

Spcine lança portal online para aluguel de filmes nacionais

O intuito é combater o monopólio norte-americano

Qua, 22/11/17 - 02h00
Catálogo. “Califórnia”, primeiro longa de ficção de Marina Person, está disponível na plataforma | Foto: Aline Arruda/divulgação

São Paulo. Discursos contra o monopólio da indústria norte-americana no setor do audiovisual foram a tônica no lançamento de uma plataforma de vídeo sob demanda da Spcine, empresa ligada ao município de São Paulo e dedicada ao estímulo do setor.

O secretário de cultura André Sturm foi quem introduziu a questão. “A gente não pode permitir que uma plataforma relevante para a indústria do audiovisual se torne mais um monopólio, como aconteceu no mercado de cinema e no de TV a cabo”, disse, ao analisar o crescimento do vídeo por demanda.

A Spcine Play passa a funcionar nesta quinta-feira (23), a partir das 10h, apenas com filmes nacionais em seu catálogo. São dez longas ao preço de R$ 3,90 (aluguel pelo período de sete dias).

Há planos de aumentar esse valor para R$ 6,90 (no caso de lançamentos) e de ter também um menu a R$ 1,90.

Sturm lembrou que a regulamentação do setor está em debate. A Ancine é um dos órgãos na esfera federal que estudam atualmente a criação de leis que estipulem cobrança de impostos de plataformas como a Netflix e a Now, bem como a criação de cotas para produções nacionais.

Sturm aponta um cenário limitado pela alta competitividade internacional. “A perspectiva de que isso (o monopólio) aconteça é grande, mas a gente vai trabalhar para que não aconteça”, explica.

No menu da Spcine Play estarão filmes lançados a partir de 2013: “A Batalha do Passinho” (2013), de Emílio Domingos, “Ausência” (2015), de Chico Teixeira, “Califórnia” (2015), de Marina Person, “Mãe É uma Só” (2016), de Anna Muylaert, e “O Menino e o Mundo” (2013), de Alê Abreu, estão entre eles.

MODÉSTIA. O número de títulos foi considerado “modesto” pelo próprio diretor-presidente da Spcine, Mauricio Andrade Ramos. “Eu tinha muita preocupação com a parte tecnológica. A plataforma não pode ser frustrante, não pode ter um mau começo”, disse.

O interesse inicial é por longas. “Estamos abertos a exibir outros formatos, como curtas e séries, mas não é nosso foco nesta primeira fase”, afirmou Igor Kupstas, diretor da O2 Play. O braço de distribuição da produtora O2 é parceiro na criação do produto, junto com o laboratório de soluções digitais Hacklab.

“Sobre desenvolvimento de catálogo, existe um desejo, neste caminhar destes próximos seis meses, de entender o quanto a gente vai conseguir agregar dentro do nosso orçamento. Outros produtores já mostraram interesse”, disse Kupstas, sobre a possibilidade de fazer o catálogo da plataforma crescer.

Os primeiros dez filmes foram escolhidos sem uma curadoria formal, conta Ramos. O longa “Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista”, por exemplo, se apresentou ao programa após publicação de texto no site da Spcine chamando interessados em participar de uma fase de testes.

“Os outros chegaram por questões de proximidade no mercado. Naturalmente houve um olhar, mas não é que ele tenha tido uma ciência determinada”, disse Ramos.

Um dos determinantes no recorte foram filmes recentes, por compatibilidades tecnológicas, diz Kupstas. 

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