“Dois Lados”

Tributo ao quarteto mineiro

Projeto do produtor Pedro Ferreira reúne uma seleção de artistas da nova geração para celebrar a obra do Skank

Seg, 20/03/17 - 03h00

São 14 discos – entre álbuns de estúdio e gravações ao vivo –, inúmeros hits, ecletismo sonoro, prestígio popular, reconhecimento internacional e uma legião de fãs que atravessam as gerações. Sim, o Skank, em seus quase 25 anos de trajetória musical, é um gigante do pop rock nacional.

Influência e referência para inúmeros artistas, a banda liderada por Samuel Rosa ganha agora uma homenagem com o projeto “Dois Lados – Um Tributo ao Skank”, uma coletânea que revisita a obra do quarteto a partir de releituras de músicos e bandas da nova geração.

Iniciativa do produtor mineiro Pedro Ferreira, 25, o tributo reúne 34 artistas dos mais diversos gêneros e lugares para criarem suas versões do cancioneiro do grupo. “Escolhi o Skank porque estamos próximos dos 25 anos de lançamento do primeiro álbum do grupo (o álbum, independente, saiu em outubro de 92) e acho que não há nada mais justo do que convidar artistas da nova cena para regravar os clássicos e perpetuar o legado de uma das principais bandas da música pop do país”, conta Ferreira.

No “time” de “Dois Lados”, figuram nomes como Wado, Rico Dalasam, Graveola e o Lixo Polifônico, André Abujamra, As Bahias e a Cozinha Mineira, Dani Black, A Banda Mais Bonita da Cidade, Ana Muller, Cobra Coral, Transmissor, Garotas Suecas, dentre tantos outros. Entre as composições, “Jack Tequila”, “Pacato Cidadão”, “Resposta”, “Garota Nacional”, “Indignação”, “Zé Trindade”, “Esmola”, são algumas que vão ganhar nova roupagem.

“Procurei convidar músicos que possuem influência ou carinho pela obra da banda. E sempre deixando claro que a ideia da coletânea não é ser um disco de covers, mas sim um espaço no qual o artista tem a liberdade de imprimir sua identidade nas canções, criando uma nova roupagem para estes clássicos. A partir desta seleção, procuro deixar as bandas à vontade durante a escolha da música e na produção da faixa”, explica Ferreira, que ressalta que os artistas arcam com sua própria gravação para, depois, ele reunir este material e passar pelas etapas de masterização. Segundo Pedro Ferreira, em junho, o projeto será disponibilizado para streaming e download gratuito na página do Scream&Yell (screamyell.com.br), site dedicado à cultura pop.

“Um dos principais objetivos do tributo é direcionar o olhar do público para a nova cena da música nacional. A intenção sempre foi percorrer toda a obra do Skank. Minha única orientação era a de que optassem por canções que o grupo gravou e que são sucesso com eles, mesmo que não sejam composições da banda, mas que de alguma forma ficaram ligadas a ela, como, por exemplo, ‘Vamos Fugir’ e ‘Tanto’”, comenta o produtor mineiro, em referência às composições de Gilberto Gil e Bob Dylan, respectivamente, gravadas pelo quarteto.

Referências. A seleção de artistas que participam do tributo “Dois Lados” carrega um traço eclético em relação aos gêneros musicais. Na lista, tem gente do samba, do rap, do rock, do experimentalismo, do ska, e por aí vai. Mas um ponto em comum todos parecem ter: a influência e a referência do Skank em suas vidas e em suas obras.

“Com certeza há uma grande influência. O Móveis (Coloniais de Acaju) iniciou suas atividades próximo ao começo do Skank, e a gente tinha uma fissura pelo ska. E o Skank tinhas essas referências do reggae. Talvez fosse a banda que trazia mais referências de uma cena que o Móveis tocava”, conta André Gonzales, vocalista da banda brasiliense (que interrompeu suas atividades em setembro de 2016).

Participando do tributo com uma versão de “Ainda Gosto Dela”, Gonzales conta que a obra do grupo mineiro o acompanhou em sua adolescência. “São músicos fantásticos. Todos os discos, em especial o ‘Calango’, fizeram parte de minha juventude. Eles conseguiram evoluir muito na construção musical, na composição, e admiro muito isso”, destaca.

A sonoridade do Skank também marcou a infância e a adolescência da capixaba Ana Muller, escalada na homenagem com “Acima do Sol”. “Adoro essa música, sempre toquei ela no violão desde criança. Vou apresentar algo bem parecido com meu trabalho, uma versão singela, com voz e violão”, adianta Ana, que vê no Skank uma referência importante não só em sua caminhada artística.

“Uma banda como o Skank influencia todos os artistas que apreciam a qualidade do arranjo, da composição. Penso que eles influenciaram todos os artistas de minha geração. São muito competentes e grandes músicos”, exalta ela.

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