La Movida Microteatro – Bar

Um espaço inédito na cidade

La Movida Microteatro – Bar , aberto desde esta quinta-feira (5), vai oferecer micropeças simultâneas para um público reduzido

Qua, 04/01/17 - 02h00
A publicitária e produtora cultural Clarice Castanheira e o ator Guilherme Théo | Foto: DOUGLAS MAGNO

Tudo nasceu de uma mensagem de celular intercontinental. A produtora teatral Clarice Castanheira passou parte de 2016 em Madri, e foi na capital espanhola que conheceu algo surgido lá pelos idos de 2009: um espaço que unia bar e teatro, ou melhor, um microteatro. O receptor da mensagem, o ator Guilherme Théo, parceiro em companhias como Candongas e Luna Lunera, achou que a mensagem se limitava à amiga falando de um lugar legal que conheceu. “Nem imaginava que por trás havia uma intenção”, como ela hoje revela, sentada ao lado de Théo e dentro da materialização física daquela mensagem, que agora tem nome, endereço e data de abertura.

O La Movida Microteatro – Bar, localizado em uma simpaticíssima casa no bairro Funcionários (local que já abrigou experiências interessantes, como A Alfaiataria), abre suas portas para o público, nesta quinta-feira (5), às 18h, depois de algumas reuniões entre os dois, no sentido de entender as “diferenças não apenas culturais, mas também econômicas entre Brasil e Espanha, e de como poderíamos gerir esse espaço com a cara da cidade”, como separa Castanheira, responsável pela coordenação da casa, e de encontrar semelhanças entre o “mercado de entretenimento, em uma cidade boêmia e teatral como Belo Horizonte”, como aproxima Théo, que assume a curadoria.

“Fomos abraçados pela cena da cidade e percebemos que as pessoas aqui já têm feito pesquisas artísticas com formatos de curta duração, como festivais que ocorrem em períodos restritos do ano. Achamos interessante abrir um espaço que pudesse aproveitar e fomentar essa criação”.

A lógica do microteatro passa pela intimidade entre espectador e ator, questão que promete ser plenamente realizada nas três salas oferecidas pelo La Movida. Como a mensagem que pariu o espaço, essa lógica responde à velocidade e a dinâmica típica dos tempos atuais: espaços de até 15 metros quadrados, para um público de até 15 pessoas com micropeças de até 15 minutos de duração e com no máximo três atores em cena. “Qualquer coisa pode acontecer nessa configuração”, garante Théo. “Esses espaços se apresentarão como lugares de convivência, em que coexistirão diferentes públicos e cenas artísticas – palhaços, bonecos, comédia, dramas”. “A intenção é acolher os artistas da cidade, primar por uma qualidade, mas sem existir em torno de um gênero ou uma turma específica”, garante Castanheira.

Cardápio cênico. Uma das questões é oferecer ao público sensações diferentes em uma mesma noite, uma variação de cardápio cênico, algo que Théo considera condizente com a “maneira que estamos fruindo a vida, capturando as coisas, como esses vídeos curtos de internet”.

Outro ponto, destacado por Castanheira, é a questão da autossustentabilidade do espaço, em tempos bicudos e de poucos recursos para a produção artística em geral. Se as formas de fomento, via leis, minguam, recorra-se a um lugar que é fundamental para fazer teatral: a bilheteria.

“Precisamos gerar renda, e estruturamos da seguinte maneira: 70% da bilheteria de cada sala vai para o artista que está se apresentando; o restante fica com a casa, para ela continuar funcionando”, diz Castanheira.

É um espaço pensado para projetos menores, do custo até a duração: um polo de experimentações, mas também de criação de conteúdo nesse formato, como garante a dupla.


Agenda

O quê. La Movida Microteatro – Bar

Abertura nesta quinta-feira (5), às 18h

Onde. Rua Santa Rita Durão, 153, Funcionários, 98448-2598

Funcionamento: de quarta a sábado, das 18h às 1h30 – micropeças, das 21h às 22h45; domingo, das 17h às 23h30 – micropeças, das 20h às 21h45

Quanto. Ingresso por micropeça: R$ 8 (vendidos no local)


Homenagens

Salas terão nomes de artistas da cidade

Como promete o nome, o La Movida (que recupera a inspiração madrilenha inicial) trabalha com movimentação, especialmente do público. A proposta é funcionar de quarta à domingo (das 18h até as 0h, com os domingos abrindo às 16h e fechando às 20h). São três salas – Cecília Bizzoto, Soraya Borba e Ítalo Mudado – que levam afetivamente o nome de artistas já falecidos e que “construíram a cena da cidade, generosos, sem preconceitos”, diz a dupla.

As micropeças, que começam a partir das 21h (de quarta a sábado) e 20h (aos domingos), têm ingresso a R$ 8. São três espetáculos por noite, apresentados quatro vezes, diariamente.

Bar independente. A programação está praticamente fechada até março, de espetáculos mais maduros (para a primeira semana estão marcados peças com Cynthia Paulino, Andreia Quaresma, Marina Tadeu, entre outros nomes) até pesquisas mais experimentais. Fora da dramaturgia, o bar funciona de forma independente (sem cobrança de entrada) e se espalha pela casa e pela calçada, com cardápio pautado por bebidas e comidas espanholas (com foco nos tapas).

A sensação que fica é que a casa, escolhida depois de extensa pesquisa, preenche idealmente as pretensões da dupla, apesar de este ser um projeto itinerante, que deve durar três meses neste endereço. “É nossa primeira temporada, um ensaio para um projeto futuro, mais permanente. Queremos que o conceito seja bem compreendido pelo público e que consigamos levar esse projeto para onde puder”, como diz Théo, já mirando no alvo certeiro para o sucesso da empreitada. “Gente que gosta de um formato de bar diferenciado mas que não tem o hábito de ir a uma casa de espetáculos”.

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