Cinema nacional

Um Tio Quase Perfeito: comédia faz rir sem apelar para cacoetes da TV

A trama segue à risca a receita de filmes de família disfuncional. Certamente não é coincidência a proximidade do nome com o clássico “Uma Babá Quase Perfeita” (1993)

Qui, 15/06/17 - 00h10
Personagem de Majella busca reaproximação com sua família | Foto: H2O Films / Divulgacao

Aposta dos produtores de “De Pernas para o Ar” e “Meu Passado Me Condena”, estreia hoje a comédia familiar “Um Tio quase Perfeito”. O filme é bem familiar, nas duas acepções da palavra.

A trama segue à risca a receita de filmes de família disfuncional. Certamente não é coincidência a proximidade do nome com o clássico “Uma Babá Quase Perfeita” (1993), em que Robin Williams se disfarça de mulher para cuidar dos filhos.

Mas a produção nacional vai além do recorte e cole e consegue ter uma identidade própria, com personagens muito brasileiros e situações novas.

A começar que, em vez de um pai buscando redenção, o filme é sobre um tio distante que procura se aproximar da família, primeiro por interesse. Um tio malandro que vive de fazer biscates, como se fantasiar de andino e tocar flauta de pã na praça, ou interpretar uma estátua viva.

Você conhece o protagonista, mesmo que não ligue o nome ao rosto bonachão. Marcus Majella surfou nas duas maiores ondas recentes do humor nacional.

Fez uma centena de papéis no Porta dos Fundos, mas se sedimentou no inconsciente do grande público como Ferdinando, o braço direito de Paulo Gustavo em “Vai que Cola”. O papel no humorístico do Multishow foi tão bem-sucedido que ganhou um talk-show próprio, em que ele pode desenvolver o personagem para além do seu bordão “viaaaado!”.

OGRO. Seria lógico, pelo menos financeiramente, que ele levasse esse capital humorístico para o cinema. Mas Tony não tem nada a ver com Ferdinando. É um ogro interesseiro e adorável, espécie de Shrek em osso e muita carne.

Aceitar esse papel foi um salto no escuro que exigiu coragem. E funcionou. O filme é engraçado sem apelar pra cacoetes do humor televisivo, como as caricaturas gritantes, e tem bom ritmo.

O tio conta a história de “Tropa de Elite” para colocar a sobrinha mais nova para dormir. A peça do colégio mistura vampiros, lobisomens, bailes funk e raves. A idosa protagoniza o sequestro de um político.

Prêmio Nair Bello para Ana Lucia Torre, que é uma avó trambiqueira com quem qualquer pessoa em sã consciência gostaria de tomar uma batida de coco e jogar tranca. Hilária. Ponto para a escolha das crianças, Jullia Svacinna, Sofia Barros e João Barreto, que dão conta do recado sem parecer um jogral infantil como nas novelas do SBT.

Enfim, um produto redondo. “Um Tio Quase Perfeito” passa longe de ser um filme quase perfeito, se é arte ou desafio estético que o espectador procura. Mas, para uma comédia que segue uma trilha clássica e já bem definida, está mais do que bom. 

Mais estreias

As salas de Belo Horizonte também recebem as estreias dos norte-americanos “Baywatch” e “Tudo e Todas as Coisas”; do espanhol “Kiki – Os Segredos do Desejo”; além do documentário brasileiro “Sepultura Endurance”, sobre a banda de trash metal mineira.

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