Artes cênicas

Uma comédia sobre a fama

Em um jogo que brinca com os limites entre ficção e realidade, Vera Fisher interpreta o diabo na peça “Ela é o Cara!”

Sáb, 25/03/17 - 03h00
Celebridade. Vera Fischer reflete sobre a fama em comédia escrita a partir de sua vida | Foto: Marcio Araujo/divulgação

O cenário é simples e único: um consultório de um psicanalista, personagem interpretado pelo ator Edson Fieschi, que é também produtor do espetáculo “Ela é o Cara!”, em cartaz neste sábado (25) e domingo (26), no Cine Theatro Brasil Vallourec.

A competência do médico é duvidosa e sua atenção está mais voltada para o mundo da fama e das colunas sociais. Por uma carta de suicídio, escrita por um paciente, a superficialidade e a ausência de ética do profissional é abalada, até que, para ajudá-lo, ele recebe a visita de Vera Fischer em seu consultório.

Na comédia “Ela é o Cara!”, Márcio Araujo e Andrea Batitucci, autores do texto escrito especialmente para os atores, trazem à tona reflexões sobre o mundo das celebridades, a fama a qualquer preço e a ética das relações.

“Acho o texto inteligente ao discutir questões, até filosóficas, com bastante humor e diversão, questões muito atuais, como essa obsessão por fama, que todo mundo hoje busca, ainda que sua profissão não tenha nada a ver com fama, mas sim com competência”, comenta Vera.

“A peça trata de toda essa sede que as pessoas têm hoje em dia pela fama, reconhecimento a qualquer custo, sucesso a qualquer preço, mesmo que pra isso tenham que passar por cima de alguns valores. É uma crítica bem humorada sobre a fama”, complementa Edson.

A incompetência do profissional, denunciada pelo paciente que se suicida, ganha os jornais e viraliza nas redes sociais. “A peça começa após o suicídio desse paciente, então a história pregressa deixa a entender, como espectador, claro, não como personagem, que sua incompetência é reconhecida por todos, no fundo um cara querendo ser famoso a qualquer custo”, diz o ator.

O médico, então, alcança seus 15 minutos de fama, mas não da forma como desejou. Assediado por haters, pela imprensa e por paparazzi, caberia ao psicanalista apenas um pacto com o diabo para salvar sua pele. “Partimos da ideia de que a humanidade está em um momento tão caótico que nem o diabo daria conta de fazer o que estamos fazendo. Superamos as maldades do diabo”, comenta o Fieschi.

O diabo, no entanto, vem personificado em Vera Fisher, o que, para o médico, representa uma salvação. O psicanalista acredita que ter uma paciente com a fama de Vera legitimaria seu status de “médico de famoso”. “É o que mais tem por aí. Pessoas interessadas em atender celebridades e não em exercer sua profissão”, aponta o artista.

Engana-se o médico. Vera, na verdade, é o diabo. “Eu não faço eu mesma. O personagem do Edson é que acha que é a Vera Fischer que adentra seu consultório, mas é o Diabo que se apropria da atriz, pra seduzir e confundi-lo. Mas é claro que, no começo, todos acham que a personagem sou eu mesma, mas, com o passar da peça, o espectador vai vendo que tem algo diferente por ali”, afirma a atriz.

Entre a figura de Vera e o personagem do diabo, existe uma situação dramatúrgica criada a fim de explorar a própria celebridade que Vera representa e que atrai tanto a atenção do público e da mídia.

“Fazemos um jogo em cena. O psicanalista faz perguntas a Vera, mas quem responde é o Diabo, mas são respostas que cabem a ela também, o que cria uma brincadeira. Tem várias perguntas, como ‘o que é fama para você?’ ou ‘você tem medo de ser esquecida ou desaparecer?’. São indagações que poderiam ser feitas para Vera, mas é o Diabo que responde. Tem uma brincadeira com a personalidade dela”, afirma Edson.

Ele conta que, no início, a própria Vera sentia dificuldades em transitar nos limites do jogo. “Foi complicado para ela separar uma coisa da outra. Ela dizia que sentia que estava fazendo ela mesma. E a brincadeira é justamente essa. Por isso é um papel difícil. Só uma celebridade poderia fazer esse papel”, explica o ator.


Agenda

O quê. Espetáculo “Ela é o Cara!” 

Quando. Neste sábado (25), às 20h, e domingo (26), às 19h

Onde. Grande Theatro Unimed-BH do Cine Theatro Brasil Vallourec (av. Amazonas, 315, centro)

Quanto. Plateia I: R$ 80 (inteira); Plateia 2: R$ 70 (inteira)

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