No dicionário, a definição de “saudade” é objetiva: um sentimento causado pela ausência de algo (ou alguém) e/ou vontade de reviver acontecimentos passados. Não é à toa, portanto, que a palavra faça parte de uma das festas mais nostálgicas de BH, o Baile da Saudade, criada em 1983 e com o foco na cultura black dos anos 70.
Foi ao aproximar-se desse movimento que o ator Fabiano Persi decidiu transportá-lo ao palco, como uma forma, ainda, de homenageá-lo. Surgia, assim, o espetáculo “Sapato Bicolor”, cuja estreia foi no fim do ano passado e que cumpre temporada até este domingo dentro da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança.
“Um amigo me convidou para o Baile, quando ele ainda era em Venda Nova (atualmente, ocorre uma vez por mês, no Necup, no Prado) e fiquei impressionado com o resgate a essa cultura, que aparecia inclusive na forma das pessoas se vestirem, com calça boca de sino, cintura alta. Mas, sobretudo, me impressionou o amor das pessoas que comandam a festa por tudo isso. E são pessoas muito simples, humildes. Achei o Baile teatral e, ao mesmo tempo, de bom gosto: a música é ótima e ainda há o fato de dar visibilidade a essas pessoas, porque é frequentando por todas as classes, de advogados e médicos a garis e faxineiros”, comenta o ator Fabiano Persi.
Ele nunca havia escrito antes para teatro, apesar de já atuar há mais de duas décadas (junto a grupos como Armatrux e Luna Lunera), mas decidiu assumir o desafio ao lado do amigo Edu Costa por uma questão de identificação e afetividade. “Resumidamente, percebi que, quando escrevi a história, estava falando sobre dignidade, porque, por meio da música e da dança, essas pessoas socialmente invisíveis celebram a vida e são respeitadas. São reis, entram na roda pra dançar e todo mundo as admira”, observa.
Serviço. “Sapato Bicolor”. Funarte MG (r. Januária, 68, centro). Sexta (23) e sábado (24), às 21h; e domingo, às 20h. R$ 15 (postos Sinparc). Até este domingo (25).
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