Música

Violoncelos em Ouro Branco 

Festival dedicado ao instrumento vai até o fim de semana e traz concertos com músicos de várias partes do mundo

Seg, 30/03/15 - 03h00
Professor. Matias Pinto leciona o instrumento na Alemanha | Foto: Divulgacao

Uma profusão de culturas e sonoridades em torno de um instrumento vital para a música erudita. Desde ontem, músicos, professores e alunos de todo o Brasil e de países como Japão, França e Alemanha estão reunidos para a segunda edição do Festival de Violoncelos, com uma programação inteiramente voltada ao instrumento. Até a próxima sexta, serão realizados master-classes e concertos em diversos pontos da cidade, abrangendo um espectro musical que vai do barroco do alemão Johann Sebastian Bach até as sonoridades brasileiras de Zequinha de Abreu e Villa-Lobos.

Mais à noite, no auditório do Hotel Verdes Mares, os sotaques se neutralizam na primeira apresentação da noite, do Clara Klavier Trio. Formado na cidade de Münster, na Alemanha, o grupo é composto pela coreana Hyu-Kyung Jung (violino), pelo brasileiro Eduardo Swerts (cello) – ambos residindo atualmente em Belo Horizonte – e pela japonesa Risa Adachi (piano). Os três irão interpretar uma peça do austríaco Wolfgang Amadeus Mozart, “Klaviertrio in G-Dur KV 564”, que remonta ao período clássico da música erudita, seguida de “Premier Trio en Sol Majeur”, escrita um século depois pelo francês Claude Debussy, em 1880.

Em seguida, sobe ao palco do auditório o brasileiro Matias de Oliveira Pinto. Professor da Universidade das Artes de Berlim e da Faculdade de Música de Münster, Pinto apresenta a “Sonata Para 2 Cellos em Sol maior”, do francês Jean-Baptiste Barrière, composta no século XVIII. A ele se junta o alemão Arthur Hornig, violoncelista da conceituada Ópera de Berlim. Depois, Hornig se une às conterrâneas e companheiras de instrumento Julia Wasmund, Marie Langlamet, para encerrar a noite com o “Réquiem” do tcheco David Popper, que viveu entre 1843 e 1913. Atualmente, Pinto é professor do duo, enquanto Hornig e os membros do Klaviertrio foram alunos dele no passado, na Universidade de Münster.

Encontro. Para a diretora do evento, Kênia Libânio, o II Festival de Violoncelos de Ouro Branco é uma oportunidade tanto para estudantes do instrumento quanto para admiradores da música erudita. “Estamos reunindo o que tem de melhor nessa área”, conta. “Começamos de forma quase amadora, no ano passado, e a ideia foi tão bem aceita pelos violoncelistas que, em 2015, selecionamos 40 alunos para o festival”, afirma.

A programação didática conta com aulas em grupo e individuais pelas manhãs e, pelas tardes, com master-classes e um ensaio diário com a Orquestra de Violoncelos – coordenadas por Matias de Oliveira Pinto, que também é o diretor artístico do festival.

Amanhã, Hornig, Pinto e Adachi voltam ao Hotel Verdes Mares para se juntar ao também violoncelista Kayami Satomi, diretor da UDI Cello Ensamble, de Uberlândia, para um concerto de maior duração, com vários recortes dentro da história da música clássica. Nele, Brahms, Chopin e Debussy se mesclam aos brasileiros Camargo Guarnieri, Luciano Gallet e Zequinha de Abreu, cujo clássico “Tico-Tico no Fubá” será relido a partir do arranjo de Matias de Oliveira Pinto.

Na quarta, no mesmo local e horário, o destaque fica com a homenagem aos 330 anos de nascimento de Johann Sebastian Bach. Nascido em 31 de março, o alemão será relembrado com as suítes para violoncelo nº 4 e 5, interpretada respectivamente por Arthur Hornig e por Márcio Carneiro. “Trata-se de uma obra extremamente significativa para o violoncelo, sendo um desafio para a alunos e músicos, principalmente a ‘Suíte º5’, como toda sua complexidade técnica”, ressalta Kênia Libânio, que também é pianista e professora de música. Quinta, a partir das 15h, alunos selecionados pelos professores do festival se apresentam no mesmo auditório, com repertório ainda a ser definido.

Na sexta, a Orquestra de Violoncelos apresenta, na Capela de Santana do Hotel Fazenda Pé do Morro, obras do francês Michel Correte e do italiano Giovanni Gabrieli, antes de encerrar o festival na cidade com as “Bachianas nº 1”, de Heitor Villa-Lobos, peça que conta com uma presença marcante do instrumento. Já no sábado, a Orquestra de Violoncelos vem a Belo Horizonte, onde toca no sábado, às 17h, no Museu das Minas e do Metal, na praça da Liberdade. Na capital mineira, o programa terá, além do que será interpretado no encerramento de sexta, também a “Bucolics para Viola e Cello”, do polonês Witold Lutoslawski.

A entrada é gratuita para todas as apresentações, tanto em Ouro Branco quanto na capital mineira.

Agenda

II Festival de Violoncelos, com apresentações abertas ao público até sexta-feira, na Capela de Santana no Hotel Fazenda Pé do Morro e no auditório do Hotel Verdes Mares, em Ouro Branco; no sábado, concerto no Museu das Minas e do Metal, na praça da Liberdade. Entrada franca.

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