No Peru

Mario Vargas Llosa diz que se esquerda ganhar, será uma catástrofe

O escritor de 85 anos afirmou que prefere Keiko Fujimori, porque ela representa a possibilidade de continuar com o sistema democrático em vigor no país

Por AFP
Publicado em 24 de abril de 2021 | 19:11
 
 
O premiado escritor entende que o triunfo do professor de 51 anos faria o Peru retroceder Orlando Estrada/AFP

O escritor peruano Mario Vargas Llosa, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, afirmou neste sábado (24) que se o candidato presidencial de esquerda Pedro Castillo vencer a eleição de junho, será uma catástrofe para seu país, após reiterar apoio à candidata de direita Keiko Fujimori. O escritor de 85 anos afirmou que prefere Fujimori, porque ela representa a possibilidade de continuar com o sistema democrático em vigor no Peru.

“Convoco os peruanos a votarem, dentro das opções existentes, em Keiko Fujimori”, pediu Vargas Llosa em uma entrevista, da Espanha, à rádio RPP. "Espero que esse voto a acompanhe e lhe dê a vitória, porque se Castillo vencer o segundo turno, será uma verdadeira catástrofe para o Peru", disse ele.  O premiado escritor considerou que o triunfo do professor de 51 anos faria o Peru retroceder.

“É muito importante que o Peru não caia na catástrofe que é a Venezuela, Nicarágua e Cuba, países que realmente chegaram a uma situação verdadeiramente crítica”, acrescentou. Vargas Llosa lembrou que Keiko Fujimori, 45 anos, prometeu respeitar os valores que garantem a democracia em seu país.

O escritor se pronunciou no sábado passado em uma coluna do jornal mexicano Crónica sobre as eleições presidenciais peruanas, após permanecer em silêncio durante a campanha.

O autor de "A Cidade e os Cachorros", que reside em Madri, fez campanha em 2016 para Pedro Pablo Kuczynski, um ex-banqueiro de Wall Street. "Seria uma catástrofe para o Peru se Keiko Fujimori fosse eleita. Seria a reivindicação de uma ditadura", criticou Vargas Llosa sobre a rival do banqueiro na eleição de 2016.

Kuczynski venceu nas urnas, mas acabou renunciando em março de 2018, envolvido no escândalo de corrupção da construtora brasileira Odebrecht.

O escritor recomendou em 2011 votar em Ollanta Humala, um ex-militar que também tinha o apoio do ex-presidente Lula e ex-aliado de Hugo Chávez. O rival de Humala no segundo turno também foi Keiko.

“Isso não vai acontecer, eu me recuso a acreditar que meus compatriotas vão ser tão tolos em nos colocar no dilema de escolher entre a Aids e o câncer terminal, que é o que Humala e Keiko seriam”, havia afirmado Vargas Llosa anteriormente sobre os candidatos.

Castillo, professor de uma escola rural, e a filha do ex-presidente preso Alberto Fujimori (1990-2000) obtiveram 18,92% e 13,40% dos votos, respectivamente, em um primeiro turno que contou com 18 candidatos à presidência. O novo presidente tomará posse em 28 de julho.