Uma comédia sempre tem de se aproximar do público. Sob essa premissa nasceu ideia da montagem da ópera “Elixir do Amor”, que ocupará o palco do Grande Teatro do Palácio das Artes a partir deste sábado (20), às 20h. A obra de Gaetano Donizetti (1797-1848) ganhou uma versão que pode ser ambientada nos anos 70 e transporta os protagonistas para o meio de uma espécie de “high school”, o ensino médio americano.
A concepção e a direção cênica de Pablo Maritano colocam os vilões na equipe de futebol americano e as mocinhas da sociedade na pele de “cheerleaders”, as líderes de torcida.
Ao inserir esses elementos, os protagonistas imediatamente se tornam adolescentes. Assim, a trama se torna crível nos dias atuais, já que os personagens centrais caem na farsa por completa ingenuidade e por nutrir uma visão extremamente romântica do amor. “Uma comédia funciona otimamente bem quando os personagens ficam próximos do espectador”, explica Maritano. “Essa é uma obra sobre a maturidade, pois os personagens são muito jovens e têm essa ingenuidade”, completa.
Para Cláudia Malta, diretora de produção artística da Fundação Clóvis Salgado, essa é uma ópera que amplia o público para além dos que curtem o estilo. “Os jovens também conseguem se ver em cena”, fala. Cláudia conta que outra obra havia sido escolhida para abrir a temporada 2019 de óperas no Grande Teatro. “Com Brumadinho e outros acontecimentos tristes no começo do ano, achamos que o momento pedia mais leveza”, fala a diretora.
“Conversei com o (regente) Silvio Viegas e, como fazia muito tempo que não montávamos uma ópera-bufa em Belo Horizonte, ele sugeriu ‘O Elixir do Amor’, que tem poucos solistas, o que facilitaria a produção”, fala Cláudia. “Ópera-bufa” é como são conhecidas as óperas cômicas italianas, como essa de Donizetti. Aliás, a obra é cantada em italiano com legendas em português.
“Estou adorando essa montagem, pois Maritano é um diretor despojado, com uma boa veia cômica, e transportar a ópera para uma high school é algo muito divertido, pois posso mudar a um pouco minha interpretação”, fala Carla Cottini, a soprano que interpreta Adina, a heroína da trama. Além de Carla, os solistas de “Elixir do Amor” são Santiago Martínez, Homero Velho, Homero Pérez-Miranda e Fabíola Protzner. A regência da Orquestra Sinfônica é de Silvio Viegas, diretor musical da montagem.
“É um grande espetáculo, muito interessante e importante no aspecto visual e também musical, com um time de atores/cantores engajados e muito entusiasmados”, fala Maritano. “Ópera é sempre um trabalho de equipe”, conclui.
Final feliz coroa obra de Donizetti
"Elixir do Amor” é uma ópera de Gaetano Donizetti encenada pela primeira vez em 1832, na Itália. A obra conta a história de Nemorino, um jovem rapaz pobre que é apaixonado por Adina, uma moça fina e rica da alta sociedade. O problema é que Adina está interessada em Belcore, um jovem de passagem pela cidade.
Para fazer Adina reparar nele, Nemorino acredita num charlatão, o dr. Dulcamara, que alega ter uma poção do amor. O desfecho da trama se dá no segundo ato, com o casamento de Adina e Belcore, em que fatos extraordinários fazem com que Adina perceba que Nemorino, herdeiro de uma grande fortuna, é seu grande e verdadeiro amor.
AGENDA
Onde. Grande Teatro do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro).
Quando. Dias 20, 22, 24 e 26 de abril, às 20h; e dia 28 de abril, às 19h.
Quanto. R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada)
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