É luxo só

O cubano Nestor Lombida é o convidado da Orquestra Sesiminas nesta quarta

Radicado em BH há 29 anos, o tecladista, arranjador e regente, formado pela Universidade de Havana, fala sobre "A Influência Africana na Música pelo Mundo"

Qua, 22/07/20 - 03h00
O maestro e pianista Lombida estará na live Dando Corda, que toda semana traz personalidades da cena musical para um papo descontraído com o maestro Felipe Magalhães | Foto: Paulo Lacerda/Divulgação
 
Nelson Lombida nasceu em Cuba, mas suas raízes representam várias partes do mundo - sobremaneira à África, para onde acabou direcionando seu foco como um ferrenho pesquisador. Não por outro motivo, sendo o convidado desta quarta-feira do projeto "Dando Corda", série de lives que a Orquestra Sesiminas Musicoop vem apresentando quarentena, o maestro, arranjador e pianista vai discorrer sobre o tema “A Influência Africana na Música pelo Mundo”. A transmissão começa às 21h30, no instagram da Orquestra @orquestrasesiminasmusicoop.
 
Aos 70 anos, Lombida está radicado em Belo Horizonte há nada menos que 29. Sua formação, porém, se deu ainda em sua terra natal, mais precisamente na  Universidade de Havana, cidade onde nasceu e na qual inclusive atuou como professor. Antes de fincar âncoras entre as montanhas do nosso estado, o músico morou também em Curitiba e no Rio de Janeiro. Acabou se rendendo ao pão de queijo. E a outras características dos mineiros que conquistaram seu coração. Por aqui, nestas quase três décadas, vem atuando com vários nomes da cena musical local - inclusive com a própria Orquestra Sesiminas, com a qual conversa hoje, por meio do maestro Felipe Magalhães. Lombida já escreveu vários arranjos para serem executados pelos músicos.
 
E dentro de um tema tão amplo, que dá margem a tantos recortes, quais seriam os caminhos que Lombida pretende percorrer neste bate-papo? "Bem, há duas coisas importantes a esclarecer. A primeira é que muitas pessoas ainda pensam na África como um país, e não como um continente, com toda sua diversidade, que abarca mais de duas mil etnias. E, veja, cada uma dessas etnias tem seus costumes, suas cerimônias, suas tradições. Um outro ponto é que todo mundo acha que existe uma estética africana única, o que não procede. E curioso porque em nenhuma dessas etnias existe a palavra 'arte' tal como a conhecemos. Sendo assim, não existe uma estética como tal, o que vemos como arte lá foi estruturado, isso sim, para uma função social, e não artística. Cada cor, por exemplo, tem a sua representação", diz, acrescentando que muitos desses significados estão majoritariamente relacionados a crenças e religiões.
 
Lombida lembra que, em meio às várias etnias dispersas pelo vasto território africano - cada uma com seu dialeto ou idioma, seja bantu ou iorubá, para citar alguns, entre muitos outros - a comunicação entre os homens acabou se tornando urgente com o advento da escravidão. "Um sincretismo que veio da própria necessidade de comunicação entre as pessoas. E uma das coisas que acho fundamental pontuar é a maneira que o ser humano tem de se comunicar também através da música, que, assim, passa a ter uma função social", advoga, já dando uma palinha da conversa da noite desta quarta-feira. 

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