Cinema

'O Grande Circo Místico' é o indicado do Brasil para disputa pelo Oscar

Filme de Cacá Diegues é baseado em poema de Jorge de Lima

Por Daniel Oliveira
Publicado em 11 de setembro de 2018 | 14:03
 
 
Pela vigésima vez seguida Brasil está fora da disputa pelo Oscar

Cacá Diegues está tendo um ótimo 2018. Depois de ser eleito o novo imortal da Academia Brasileira de Letras há duas semanas, o cineasta viu nesta terça seu novo longa – “O Grande Circo Místico” – ser escolhido o representante brasileiro na luta pelo Oscar de filme estrangeiro do ano que vem.

Na disputa, definida por um grupo de membros da Academia Brasileira de Cinema, o filme superou outras 21 produções inscritas – entre elas, títulos aclamados como “As Boas Maneiras”, “Benzinho” e “Ferrugem”. “Eu só posso comemorar. Estou muito contente que o filme esteja sendo recebido desta maneira. Foram mais de 20 inscritos, cada um com uma tendência diferente, e todos muito bons. É um momento rico e poderoso do cinema brasileiro”, celebra o cineasta de 78 anos.

Adaptado do espetáculo inspirado no poema de Jorge de Lima, e com trilha sonora de Chico Buarque e Edu Lobo, “O Grande Circo” retrata 100 anos e cinco gerações na vida de uma família austríaca, dona do picadeiro do título. Com toques de realismo fantástico, a produção traz no elenco Jesuíta Barbosa, Juliano Cazarré, Bruna Linzmeyer e o francês Vincent Cassel. “O cinema é um filho do circo, como todo espetáculo. Ele é pai de todas essas manifestações, como teatro e TV. É um filme sobre espetáculo”, sintetiza o diretor.

Com previsão de estreia nacional para 15 de novembro, o longa (que já está sendo exibido em algumas salas no Rio de Janeiro) marcará a sétima vez que uma obra dirigida por Cacá representará o país na disputa pelo Oscar. O cineasta acredita que toda essa experiência, porém, não vai ajudar muito – já que o gosto da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood tem mudado bastante nos últimos anos. “Atualmente, eles estão votando em filmes como ‘Moonlight’ e ‘A Forma da Água’, que são obras autorais. Antigamente não, era o ‘Ben-hur’. O julgamento muda muito, é como festival: um ano prefere longas mais calmos, outro mais agitados. É difícil fazer qualquer previsão”, reflete. 

Mesmo sem ter estreado no circuito nacional, “O Grande Circo” já acumula uma boa carreira – inclusive internacional. O longa abriu o último Festival de Gramado e teve sua grande première mundial no último Festival de Cannes. As críticas que ele recebeu por lá, porém, não foram muito boas. 

O “The Hollywood Reporter” chamou o filme de “100 anos de estupidez” com “uma narrativa desconjuntada e personagens pouco convincentes”. A “Variety” classificou como um “espetáculo novelesco que tropeça logo no início e nunca para de tropeçar”. E o site “Screen Daily” definiu como “uma novela boba, recheada de incidentes, poucos dos quais são memoráveis”. Ainda assim, o longa conseguiu um distribuidor nos EUA, a Kino Lorber, que Cacá espera que “fará um bom trabalho com o filme por lá”. Entre os atuais favoritos na categoria do ano que vem, estão o paraguaio “As Herdeiras” e o mexicano “Roma”, de Alfonso Cuarón – que venceu o Leão de Ouro em Veneza no último sábado e tem o apoio da Netflix.