Música

Paula Fernandes mostra sua 'nova fase' com o primeiro EP do álbum '11:11'

Em conversa com o Magazine, cantora mineira falou da diversidade sonora de seu mais recente trabalho, da importância do feminejo e até mesmo sobre a eleição presidencial

Por Alex Ferreira | @alexnycman
Publicado em 01 de outubro de 2022 | 06:00
 
 
Cantora Paula Fernandes busca renovar sua carreira com mais recente trabalho musical Foto: Bruno Fioravante

"Me sinto uma nova mulher e, por isso, me desafiei de novas formas para ver este projeto nascer", vai avisando Paula Fernandes sobre o primeiro dos três EPs que compõem seu mais recente álbum audiovisual "11:11".  E a julgar pela fusão de rock e pop do mini-disco – que já está em circulação nas plataformas digitais desde o dia 22 de setembro –, a cantora e compositora mineira parece estar mesmo disposta a se atualizar no mercado sonoro nacional mais uma vez.

Gravado ao vivo no interior de São Paulo, o repertório traz as faixas "E tá Tudo Bem", "Antigo Novo Amor", "Bloqueia Meu Zap", "Flor", "Gasolina" e "Nascemos Para Cantar", e conta ainda com a participação especial da dupla Israel & Rodolffo.

O restante das canções que compõem "11:11" serão apresentadas nos dois EPs seguintes – que estão previstos para serem postos em rotação nos meses de novembro deste ano e janeiro de 2023, respectivamente.

A ideia é mostrar ao público toda a transformação pela qual ela tem passado ultimamente.

"É um trabalho totalmente diferente de tudo que já fiz. Por exemplo, foi a primeira vez que compus músicas do zero com participações de parceiros, como se estivéssemos em um tipo 'camp' autoral", revelou a artista em bate-papo com o Magazine.

Durante a conversa, a cantora também falou de seus sentimentos íntimos, da importância do feminejo (movimento que abriu as portas do sertanejo para novas vozes femininas), e até mesmo sobre a eleição presidencial.

Confira a seguir trechos da entrevista com a cantora.

Seu novo disco tem um título enigmático. Pode explicar seu significado?

É uma menção ao portal 11:11 [Em tempo: segundo a astrologia, a data é uma espécie de passagem energética que marca a transição planetária e tem o poder de trazer transformações significativas]. Eu passei pelo início de uma melhora na minha vida no dia 11/11 do ano passado e quis fazer referência a esse portal. Ele representa novas perspectivas que podem ser bem diferentes da realidade que vemos e vivemos no dia a dia.

Esse disco é um convite para o público atravessar esse portal e chegar a um lado onde tudo pode ser melhor, e os sentimentos alcançados em sua plenitude.

O LP é o seu primeiro desde "Origens" (2019). O que te fez ficar tanto tempo longe do estúdio de gravação?

Sou uma cantora autoral, então meu trabalho leva tempo para ser criado, pensado e escrito. Também teve a questão dos dois anos de pandemia, os quais eu usei para ficar mais perto da minha família e cuidar de mim.  

O repertório de "11:11" traz você explorando estilos como o pop e o rock’n roll. Pode se dizer que sua nova fase representa um momento de descobertas também no âmbito musical?

Claro! Nos últimos anos muita coisa mudou em cada um de nós, e comigo não foi diferente. Eu sigo me redescobrindo e reinventando todos os dias.

Que tipo de música você escuta em casa? Tem algum artista nacional ou internacional em quem você se espelhe?

No geral sou bem eclética, ouço um pouco de tudo e tenho muitas referências. No sertanejo sempre ouvi muito Almir Sater, Renato Teixeira e Chitãozinho e Xororó. E no lado internacional gosto muito de ​​Lady Antebellum e John Mayer.

Você sofreu um grave acidente de carro recentemente. Como essa experiência impactou sua forma de encarar a existência de modo geral?

Acredito que foi uma nova chance que ganhei, e renasci com ela. Isso só prova que estou no caminho certo da minha descoberta, e com certeza quero aproveitar muito essa nova oportunidade. Quero viver!

Você já discutiu abertamente temas delicados de sua própria vida, como, por exemplo, sua luta com a depressão. De modo geral, acha que os artistas têm obrigação de falarem de questões difíceis para ajudar a pôr fim a muito do estigma que ainda existe em torno desse tipo de sofrimento?

Acho muito importante, sim. Porém, mais do que isso, é preciso mostrar que somos pessoas normais que, como todo mundo, também passam por momentos difíceis, doenças e dificuldades. É preciso gerar essa empatia mútua.

Acredita que a música tenha um poder curativo?

Tenho certeza que sim. Eu recebo muitos relatos de pessoas dizendo que minhas músicas ajudaram fãs a vencerem seus problemas de alguma forma. Fico muito feliz quando esses relatos chegam até mim.

Você foi uma das primeiras cantoras do chamado “feminejo”, gênero que revelou diversos artistas mulheres e rompeu barreiras dentro da música sertaneja. Qual o significado desse marco para você?

Me sinto muito honrada com isso. Fico muito feliz em poder representar esse gênero juntamente com outras mulheres incríveis que temos na música sertaneja. É muito gratificante ver a nova geração chegando em um cenário completamente diferente do que o que nós enfrentamos lá atrás.

Em "11:11" você canta com a dupla Israel & Rodolffo e dos cantores Tierry e Lauana Prado. Como se sente fazendo contato e sendo referência para artistas de gerações mais jovens?

É uma troca muito legal, uma coisa maravilhosa. Eles chegam com um frescor, um gás novo que eu adoro. Fiquei muito feliz em viver essas experiências com eles, e, sem dúvida, pude aprender um pouco mais com essa geração que está chegando.

A turnê nacional do novo disco está prevista para estrear em outubro. Quais as expectativas de poder voltar à estrada com um repertório inédito?

Estou muito animada para poder mostrar esse repertório pelo Brasil. Nos shows, vou cantar composições inéditas do disco, fazer releituras de grandes artistas da atualidade, e também apresentar alguns dos meus sucessos com uma nova roupagem. Viemos de um hiato dos palcos por conta da pandemia, mas já retomei os shows faz um tempinho. Quero muito ver como o público vai reagir a esse novo trabalho. Estou torcendo para que gostem.

Estamos em época de eleição presidencial. Na sua opinião, os artistas devem se posicionar publicamente sobre política?

Acho que as pessoas precisam se informar para tomar decisões baseadas nas suas convicções. Cada um tem uma opinião e isso deve ser sempre respeitado.