Mostrando a que veio

Pela segunda vez em BH, Robert Plant cumpre seu papel de roqueiro

Plant subiu ao palco ao lado da banda Sensational Space Shifters pouco depois de St. Vincent arrebatar a plateia com sua guitarra arrepiante

Por Lucas Simões
Publicado em 26 de março de 2015 | 22:17
 
 

Em sua segunda passagem por Belo Horizonte, Robert Plant cumpriu seu papel de roqueiro como um gentleman: cantou Led Zeppelin, interagiu e brincou com o público mandando beijo e ainda mostrou estar estar mais maduro com as novas canções de sua carreira solo. Aos 66 anos, é isso que se pode dizer da performance de Plant no Chevrolet Hall, como um aquecimento para o Festival Lollapalooza -- antes ele se apresentou no Citbank Hall, no Rio de Janeiro. Plant subiu ao palco ao lado da banda Sensational Space Shifters às 22h45, pouco depois de St. Vincent arrebatar a plateia com sua guitarra arrepiante. Uma catarse.

Sem dúvida, o ex-frontman do Led Zeppelin pareceu bem mais à vontade do que a primeira vez que esteve na capital mineira, também com a Sensational Space Shifters, para um show no Expominas, em 2012 -- mas ainda tateando sua nova fase zen vigente, bastante influenciada pela cultura oriental. No início do show, na Savassi, chegou a arriscar um “e aí, galera?” em português mesmo, e depois saudou o show de abertura, dizendo “St. Vincent é um espetáculo!".

Simpático e extrovertido, Plant apareceu de calça preta justa, camisa azul cintilante e, claro, a cabeleira (agora mais grisalha do que loira) presa -- em determinado momento, riu e deixou escapar um "sorry" devido a uma microfonia. Dos momentos altos do show, "Babe, I'm Gonna Leave You", canção emblemática da ex-banda, arrancou um delírio engasgado de uma multidão cantando em uníssono. E assim seguiu o seu set bem amarrado, incentivando o gogó dos cerca de 5 mil roqueiros presentes em seu show.

A safra de canções que dominou o repertório foi mesmo do Led Zeppelin. E com arranjos completamente remodelados. "Black Dog" não fez ninguém bater o cabelo, mas colocou milhares de vozes para repetir aquele "hey, hey mama" muito alto. "What is and what should never be" ganhou um groove de soul atraente. “Lemon Song”, que abriu o show e recentemente teve uma versão pesada com Jack White no Lollapalooza argentino, não subiu o tom na versão quase acústica de Plant.

Entre hinos do Led, Plant foi retirando da cartola várias canções de seu repertório solo, principalmente do seu último álbum, "Lullaby And... The Ceaseless Roar" (2014). Os novos arranjos, bastante calcados em instrumentos orientais e africanos, soaram bem. "Embrace Another Fall" trouxe uma levada de blues, enquanto "Litte Maggie" até arrancou a letra de algum coral pequeno de fãs. 

Ora ou outra, enquanto fechava os olhos ou reparava a plateia, Plant também arriscou algumas coreografias divertidas e um pouco desajeitadas, bem diferente daquele balão de chumbo que costumava gritar e incendiar os palcos nos anos 1970, voando além das expectativas.

Mas em pleno 2015, também pode-se dizer que Robert Plant tenha planado muito além das expectativas -- e não porque forçou o vocal em seu máximo ou arriscou uma agitação psicodélica quando toda a banda tocou tamborines gigantes em momento ímpar do show. Vagaroso, Plant caminhou pelo palco como alguém que tem mais de 50 anos de rock e não precisa -- e nem vai -- tocar "Starway To Heaven" para ganhar aplausos.

MUSA POP. Quem também levou a plateia do Chevrolett Hall ao delírio foi a americana Annie Clark, mais conhecida como St. Vincent. Com poderosos solos de guitarra, a vencedora do Grammy de Melhor Álbum Alternativo do ano passado, com seu disco homônimo, tocou por cerca de 40 minutos para uma casa relativamente cheia, com a presença de 2,5 mil pessoas.

Canções como "Digital Witness" e "Prince Johnny", de seu trabalho mais recente, fizeram bastante barulho. 

 

SET LIST ROBERT PLANT

1. LEMON SONG
2. RAINBOW
3. BLACK DOG
4. TURN IT UP
5. EMBRACE ANOTHER FALL
6. GOING TO CALIFORNIA
7. SPOONFUL
8. BABE I'M GONNA LEAVE YOU
9. LITTLE MAGGIE
10. WHAT IS AND WHAT SHOULD NEVER BE
11. FIXIN TO DIE (Bukka White)
12. WHOLE LOTTA LOVE
13. NOBADY’S FAULT
14. ROCK AND ROLL