O artista plástico Henrique Detomi possui um hábito muito particular: realizar caminhadas “entre cidades por estradas, matas, em busca de inspiração”, como explica. As paisagens que o cercam muitas vezes não servem de imagem para o que encontra a tela, mas servem como “uma construção de conhecimento, o que o pensamento gera naquele estado”, assume.
Portanto, mais do que método, as caminhadas de Detomi perfazem o que ele chama de “processo criativo”. Parte desse processo está exposto na Galeria de Arte do Centro Cultural Sesiminas a partir desta sexta-feira (21). A mostra reúne dez pinturas inéditas, criadas em óleo sobre tela, que se dividem em grandes formatos e em formatos bem pequenos.
Batizada de “Quando a fuga encontra a si mesma”, o título que baliza um trabalho como a busca pelo estranho, daquilo que não é conhecido. “Quando penso em fuga, vou para esse lado, de encontrar alguma outra coisa. Aí acaba sendo um encontro de si mesmo neste processo, algo interno, que é retratado nas pinturas. Aí fecha o título: esse processo em looping, de procurar algo que muitas vezes está dentro de você”, revela.
Todas as pinturas do artista têm em comum objetos que povoam as paisagens. Objetos muitas vezes não identificados, como o que ilustra essa página, que mostram formas ergonômicas, como se pudessem ser habitados: espécie de abrigo abstrato ladeado por figurações da natureza, numa dicotomia visível e instigante. “É a materialização do pensamento. O furo indica um lugar habitável, que dá para entrar e sair. Algo que pode tanto proteger quem tá lá dentro, como pode ser agressivo para quem está de fora. Uma espécie de guarita da memória, fixada como um totem”, conclui o artista.
Serviço: “Quando a Fuga Encontra a Si Mesma”, na galeria de Arte – Centro Cultural Sesiminas (R. Padre Marinho, 60, Santa Efigênia – Belo Horizonte/MG). De sexta-feira, 21/10, a sábado, Até 19/11.
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