Folia 2018

Tchanzinho tira Belo Horizonte do eixo

Com a proposta de trazer a folia para o lado não central da cidade, o bloco desfilou com a cara da Bahia e o carisma do mineiro

Sex, 09/02/18 - 19h41

Se ainda são necessárias provas de que o Carnaval de Belo Horizonte renasceu e está na linha de frente com os maiores carnavais do país, o bloco Tchanzinho Zona Norte traz nesta sexta-feira a certeza em forma de música. Com a proposta de trazer a folia para o lado não central da cidade, o bloco desfila no início desta noite com a cara da Bahia e o carisma do mineiro entoando canções marcantes do Axé anos 90.

“Parece até Salvador, mas é a ZN BH” é uma das frases do novo hino do bloco, “O Tchanzinho Vai Passar”, e tem sido entoada ao longo do trajeto pelas milhares de pessoas que passam pela avenida Sebastião de Brito, no bairro Dona Clara, em direção a Estação 1º de Maio. No desfile, é possível encontrar público de todas as idades, até mesmo idosos de 85 anos, como é o caso do casal Josefina Carla e Luís Chaves. “Eu venho todo ano. Adoro carnaval e esse é do lado de casa, né? Gosto muito. Venho todo ano”, afirmou Josefina.

No início do desfile, quando a bateria e os vocalistas entoaram o novo hino e ensinaram o público presente a cantar junto, em ritmo de axé, houve quem se emocionou quando ouviu o trecho: “Olha a estação do outro lado, o Tchanzinho vai passar. A gente quer embarcar, mas o homem da lei não quer deixar”. A organização do bloco já havia publicado em suas redes sociais que a letra do hino remetia dificuldades encontradas para a inserção do próprio metrô em seu trajeto durante os primeiros anos de sua saída.

Para a administradora Antônia Duarte, 50, moradora do bairro Dona Clara, o crescimento do bloco mostra o rompimento de uma estrutura hierárquica que privilegiava apenas o centro da capital. “Eu tô aqui desde o início e me lembro muito bem das dificuldades encontradas. Ver o renascimento do carnaval de BH já é emocionante, mas ver o Tchanzinho arrastar essa multidão de gente para a Zona Norte é para chorar demais de alegria”, afirmou.

Quem conhece as canções de Axé dos anos 90 sabe da sensualidade estampada nas músicas de um dos estilos musicais mais queridos do Brasil, mas para o Tchanzinho Zona Norte, canções como “peguem no bumbum, peguem no compasso”, devem ser entoadas, mas a campanha pelo respeito e contra o assédio foram fortes ao longo do desfile. “Vamos cantar, vamos dançar, mas sem assédio, é para respeitar. Tem que respeitar. Aqui é assim”, afirmou o vocalista do bloco.

Embora o bloco carregue a mensagem da descentralização e tenha conquistado o direito de ocupar as ruas do bairro Dona Clara, quem se desloca para a folia nesta sexta-feira encontra trânsito intenso nas proximidades do desfile, principalmente no Anel Rodoviário. A BHTrans já havia informado anteriormente que mudaria o funcionamento das ruas da cidade em dias de desfile. Por ter ruas muito estreitas, o congestionamento na região foi inevitável.l.

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