Teatro

'Três Mulheres Altas' traz Suely Franco, Deborah Evelyn e Nathalia Dill a BH

Adaptação da obra do dramaturgo americano Edward Albee, espetáculo fica em cartaz neste sábado e domingo, no Teatro Sesiminas

Por Fabiano Fonseca
Publicado em 24 de março de 2023 | 06:00
 
 
Montagem leva ao palco as atrizes Suely Franco, Deborah Evelyn e Nathalia Dill Foto: Pino Gomes/Divulgação

Quando Edward Albee (1928-2016) apresentou ao mundo "Três Mulheres Altas" em 1991 - a esta altura já um senhor de 63 anos e consagrado no universo teatral, com dois prêmios Pulitzer em sua prateleira -, o dramaturgo norte-americano tecia ali uma vigorosa rede de transformações do ser humano em suas distintas fases da vida.

O comportamento, o corpo, a maneira de enxergar a vida ontem, hoje e amanhã de três mulheres unidas por uma sinuosa - e tortuosa - linha de vivências que culminam em um percurso linear, mas cada qual com suas diferenças, permeiam a criação de Albee.

Passados mais de 30 anos do texto original - que ganhou os palcos em 1994 e rendeu ao dramaturgo mais um Pulitzer -, as desavenças, dores, dramas e a comunhão dessas três mulheres de distintas gerações seguem em voga nos tempos atuais com a versão brasileira de "Três Mulheres Altas", montagem que ganha os palcos de Belo Horizonte neste fim de semana.

Sob direção de Fernando Philbert, as atrizes Suely Franco, Deborah Evelyn e Nathalia Dill formam essa tríade geracional, cada uma delas lidando, ao seu modo e com suas experiências, com a passagem do tempo.

Suely vive A, uma senhora de mais de 90 anos, por vezes amorosa, por vezes ranzinza, que tem dificuldades de lidar com as questões práticas da vida. Madura e experiente, Deborah interpreta B, uma mulher que no auge dos seus 50 anos atua como uma espécie de cuidadora de A, enquanto reflete sobre a juventude e a velhice. Juventude - e todos os arroubos inerentes à fase da vida - que cabe a C, a personagem de Nathalia Dill, uma jovem advogada responsável por administrar os bens e recursos da idosa A.

"Ela já passou por tudo na vida e, mesmo já senil, enxerga as coisas de outra forma, com certa leveza, boas doses de ironia também. A é uma mulher que tem saudade de outras épocas da vida, mas não trata disso como uma nostalgia", conta Suely Franco, 82.

Na outra ponta geracional, C se coloca no lugar de contraponto da crítica, com seus questionamentos e absorvendo as experiências das mulheres com quem convive. "Ela é os olhos do públicos. Suas dúvidas, críticas, dão voz aos espectadores", destaca Nathalia - que hoje celebra 37 anos -, sobre a ponte que sua personagem faz entre palco e plateia.

Nesse festim, cabe a B ser o ponto de equilíbrio entre a melhor idade e a flor da idade: "Acho que minha personagem está exatamente no lugar dela, a meia-idade. Viveu muito, mas viverá mais. Só que já tem maturidade e sabedoria para entender os arroubos, paixões e impaciências da juventude, e o mesmo das pessoas mais velhas. Ela está num lugar de equilíbrio", justifica Deborah, que no último dia 12 celebrou seus 57 anos de vida.

E neste palco de embates geracionais, recheado de sarcasmo, dramas e bom humor, essas três mulheres expõem suas dúvidas, anseios, medos e desejos, ancorando o principal protagonista do espetáculo: a passagem do tempo.

"A peça traz aspectos muito interessantes, expressos pelas reações do público; ela faz rir, emocionar, meditar", conta Suely Franco. Nathalia Dill reforça o próposito da montagem: "O questionamento sobre o tempo é sempre universal e atemporal, a gente está sempre vivendo com isso", diz a atriz, abrindo espaço para uma certeira conclusão da parceira de cena Deborah Evelyn. "Falamos de uma história sobre o tempo, aceitação, generosidade, companheirismo. O que mexe mais com nossas vidas é o aqui e o agora. Assim, a gente constrói nosso futuro, mas não sabe se vai chegar. Então, o que adianta viver no passado? Temos que viver o agora, esse é o melhor momento da vida".

Serviço

Espetáculo "Três Mulheres Altas"

Sábado (25), às 20h e domingo (26), às 15h e às 19h

Teatro Sesiminas (rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia)

Ingressos entre R$ 25 e R$ 70, à venda na Sympla ou na bilheteria do teatro

Informações: (31) 3241-7181