Crônica

Reforço bíblico  destacado 

Com “Os Dez Mandamentos, Record dá continuidade à sua saga de produções épicas

Por anna bittencourt tv press
Publicado em 29 de março de 2015 | 03:00
 
 
Investimento. Trama tem ares de superprodução, com cenários exuberantes e forte tecnologia Michel Angelo

Produções bíblicas sempre foram o forte da Record. Desde que começou a nova fase de sua teledramaturgia, em 2004, a emissora obteve apenas alguns êxitos em suas novelas, como em “Vidas em Jogo” e na trilogia “Mutantes”.

Mas as minisséries religiosas sempre renderam bons frutos. Por isso, optar por um folhetim bíblico era uma questão de tempo. Com status de superprodução – com direito até a cenas pós-produzidas em estúdios nos Estados Unidos –, “Os Dez Mandamentos” estreou no último dia 23 com promessa de alavancar o segmento. Depois do fiasco de “Vitória”, apesar do bom texto de Cristianne Fridman e das boas atuações pontuais de grande parte do elenco, a Record decidiu mudar o horário da produção. Não competir diretamente com “Babilônia”, que vai indo bem no horário das nove na Globo, talvez tenha sido a melhor estratégia adotada pelo canal. Com exibição mais cedo, às 20h30, “Os Dez Mandamentos” conseguiu a melhor audiência de estreia em cinco anos: 12 pontos.

Para contar a história de Moisés, que será interpretado por Enzo Sami e, posteriormente, por Guilherme Winter, Vívian de Oliveira – que tem no currículo as minisséries “A História de Ester”, “Rei Davi”, “José do Egito” e “Milagres de Jesus” – repetiu a parceria com o diretor Alexandre Avancini. Com uma trama cheia de intrigas familiares, jogos de poder e amores proibidos, a dupla tem texto e direção afiadas. A certa morosidade no roteiro de Vívian é um bom contraponto para o olhar ágil e apurado de Avancini. As imagens, algumas capturadas no Deserto do Atacama e outras, no opulento cenário montado no RecNov – complexo de estúdios da Record localizado na zona Oeste do Rio de Janeiro –, são críveis e bonitas de se ver. O figurino e direção de arte também são um acerto na produção, que se especializou bem nas minisséries.

Boas locações, cenários e texto não seriam suficientes para alavancar o horário se não fossem boas atuações. Sempre meio exagerada e fora do tom, as novelas da Record tendem a pecar nesse quesito. No entanto, isso não parece acontecer em “Os Dez Mandamentos”. Na primeira semana, Samara Felippo, intérprete da Joquebede, e Zé Carlos Machado, o faraó Seti I, foram os destaques. Seguros e com a dose certa de emoção, eles representaram bem seus papéis. Depois de colher bons frutos com as minisséries bíblicas, o provável é que a novela épica vá pelo mesmo caminho. Basta a Record respeitar o horário e o limite de quantidade de capítulos para a trama não se tornar arrastada como acontece nos folhetins.